O que significa andar com as mãos nas costas, segundo um psicólogo

por Lucas Rabello
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Além das palavras, nosso corpo fala. Gestos, expressões e movimentos transmitem mensagens que muitas vezes passam despercebidas, mas carregam pistas valiosas sobre personalidade, emoções e até intenções. De acordo com a psicologia, mesmo ações aparentemente simples, como a forma de caminhar ou o jeito de cruzar os braços, podem revelar traços profundos de quem somos.

Um gesto que chama a atenção é o hábito de andar com as mãos unidas atrás das costas. Popular entre pessoas mais velhas, militares ou professores, essa postura vai além do simples costume. O psicólogo e especialista em comunicação não verbal Rodrigo Pérez explica que o significado varia conforme o contexto, mas geralmente está ligado a três elementos: autoridade, reflexão ou calma.

Autoridade em movimento

No mundo militar ou acadêmico, caminhar com as mãos atrás das costas é um símbolo de controle. Ao expor o peito e o abdômen — áreas consideradas vulneráveis —, a pessoa demonstra autoconfiança e segurança. “É uma maneira de transmitir domínio sobre o ambiente, sem medo de ameaças”, comenta Pérez. Professores, por exemplo, usam essa postura para estabelecer presença em sala de aula, enquanto líderes a adotam em situações que exigem firmeza.

Momentos de introspecção

Nem sempre a postura indica poder. Para muitas pessoas, colocar as mãos nas costas é um sinal de que estão mergulhadas em pensamentos profundos. “A ação ajuda a bloquear estímulos externos, facilitando a concentração”, explica o psicólogo. Quem adota esse gesto durante caminhadas ou em momentos de pausa pode estar processando ideias, resolvendo problemas ou simplesmente buscando clareza mental.

Criatividade e tranquilidade

Segundo Pérez, a postura também está relacionada à calma. Ao fechar o corpo parcialmente, reduz-se o contato visual e a exposição a distrações, criando uma “bolha” de tranquilidade. Isso explica por que alguns artistas, escritores ou profissionais criativos adotam o gesto quando precisam de foco.

O que significa andar com as mãos nas costas, segundo um psicólogo

Quando o gesto pode ser mal interpretado

Apesar dos aspectos positivos, há contextos em que andar com as mãos atrás das costas gera impressões negativas. Em reuniões de trabalho ou ambientes formais, onde se espera postura ativa e participação, o gesto pode passar uma imagem de desinteresse ou excesso de relaxamento. “Se alguém evita contato visual e mantém as mãos nas costas durante uma negociação, por exemplo, pode ser visto como distante ou pouco comprometido”, alerta o especialista.

O corpo fala (até quando não quer)

A análise da linguagem corporal não se limita a gestos específicos. O criminólogo José Ignacio Fernández, conhecido nas redes como Soy Criminólogo, destaca que pequenos movimentos — como esfregar as mãos, ajustar a postura ou segurar os próprios braços — também carregam significados.

Em situações de estresse, é comum que as pessoas tentem se acalmar por meio de toques repetitivos. Friccionar as palmas das mãos ou apertar os joelhos, por exemplo, são tentativas inconscientes de aliviar a tensão. Já segurar as próprias mãos à frente do corpo, segundo Fernández, é uma forma de buscar segurança em momentos de incerteza.

Por que observar o corpo dos outros?

Empresários, políticos, policiais e até psicólogos utilizam a leitura corporal como ferramenta. Em entrevistas de emprego, gestos podem indicar nervosismo ou sinceridade. Na política, a postura de um candidato influencia sua imagem pública. Até nas relações cotidianas, entender a linguagem não verbal ajuda a evitar mal-entendidos e a criar conexões mais autênticas.

Aprender a decifrar esses sinais não se trata apenas de descobrir mentiras (como a clássica imagem de alguém que evita contato visual ao ser questionado), mas também de compreender emoções e intenções. Se um colega está com os braços cruzados durante uma conversa, talvez esteja fechado a novas ideias. Se um amigo mexe constantemente no cabelo durante um diálogo, pode estar ansioso ou inseguro.

Dominar a própria linguagem corporal também é útil. Manter a postura ereta, por exemplo, transmite confiança. Sorrir de forma natural facilita a aproximação. E, claro, evitar gestos que possam ser lidos como defensivos — como virar o corpo para longe do interlocutor — contribui para interações mais positivas.

No fim, cada movimento conta uma história. E entender essa narrativa silenciosa é uma maneira poderosa de navegar melhor tanto no mundo profissional quanto nas relações pessoais.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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