Você certamente já ouviu falar sobre o aquecimento global, e os efeitos negativos que ele vem causando ao longo do tempo em nosso planeta. Mas um tema que vem chamando ainda mais a atenção recentemente envolve o permafrost – o tipo de solo que é comumente encontrado na região do Ártico. Trata-se de uma mistura de gelo, terra e rochas, que com o passar do tempo acaba congelando e criando uma camada de neve na parte superior. Esta neve, durante os períodos mais quente do ano, costuma derreter parcialmente, criando uma superfície pantanosa.
O nome permafrost é uma junção dos termos “permanent” e “frost” (congelamento, ou ‘congelado’), o que significa que este tipo de solo fica permanentemente congelado, apesar dos ciclos de degelo envolvendo a camada de neve em sua superfície.
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De acordo com pesquisas recentes, no entanto, o permafrost do Ártico vem enfrentando um processo ineditamente veloz de degelo, o que está assustando toda a comunidade científica e ligando o alerta para a questão do aquecimento global.
Mas qual é a relação entre o permafrost e o aquecimento global?
Como você provavelmente aprendeu na escola, os gases de efeito estufa, como o gás carbônico ou dióxido de carbono, por exemplo, se acumulam na atmosfera, prejudicando a forma como nosso planeta consegue se defender do calor gerado pelos raios solares. Como a liberação destes gases vem enfrentando picos de crescimento desde a Revolução Industrial, diversos países no mundo inteiro lutam para conscientizar os demais sobre a necessidade de tomar medidas que nos ajudem na prevenção de um cenário catastrófico de elevação da temperatura global.
Com o aquecimento, apenas para citar um exemplo, as calotas polares localizadas no continente antártico – bem como na Rússia, Canadá, e outros países próximos do Ártico, estão derretendo em níveis cada vez mais assustadores, o que coloca em risco assentamentos e comunidades humanas localizadas nas redondezas, provoca um aumento no nível dos oceanos e causa a morte de diversas formas de vida. Além disso, caso o processo de elevação da temperatura no nosso planeta não seja freado a tempo, podemos observar a desertificação de algumas regiões, bem como a extinção de parte considerável da fauna e da flora.
E como você pode imaginar, o aquecimento global afeta também o permafrost. Conforme as pesquisas mais recentes, os aumentos que já foram observados até o momento estão causando um derretimento fora do normal no permafrost ártico, o que consigo traz um outro problema. Quando este tipo de solo passa por um processo de degelo, ele acaba liberando gases poluentes na atmosfera – como o metano e o próprio dióxido de carbono. Isso acaba causando uma espécie de “ciclo” vicioso que pode levar o nosso planeta a um agravamento no quadro da elevação de temperatura.
Futuro preocupante
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Uma publicação do jornal britânico ‘The Guardian’ reforça o alerta ao ressaltar que este “ciclo” vem sendo observado mesmo com o aumento de temperatura consideravelmente pequeno que o nosso planeta enfrenta neste momento – cerca de 1ºC. A reportagem, de abril deste ano, aponta que aproximadamente 10 gigatoneladas de CO² já foram liberadas na atmosfera por conta deste processo que está sendo estudado a partir das descobertas mais recentes. [Descongelamento pode liberar bactérias causadoras de antraz na Sibéria]
No entanto, como os próprios britânicos alertam, os níveis de emissão do gás podem atingir níveis perigosíssimos para a saúde do nosso planeta quando, por exemplo, a elevação na temperatura chegar na casa dos 1,5ºC. Caso se confirmem as estimativas de que até o final do século a elevação deve chegar aos 3ºC, o derretimento do permafrost pode ser responsável pela liberação de 280 gigatoneladas de dióxido de carbono, bem como 3 gigatoneladas de metano (que é ainda mais poluente que o CO²).
Com tudo isso em mente, torna-se cada vez mais urgente que as nações do mundo inteiro entrem em acordo em relação às atitudes e estratégias que serão tomadas para evitar que, em um futuro nem tão distante assim, as próximas gerações enfrentem um verdadeiro caos.