O que acontecerá quando um condenado à morte enfrentar um método de execução brutal que não é usado há 15 anos?

por Lucas Rabello
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Em março de 2025, o nome de Brad Sigmon ganhará os noticiários por um motivo incomum: ele será o primeiro condenado à morte nos Estados Unidos em 15 anos a escolher o pelotão de fuzilamento como método de execução. A última vez que essa prática foi usada no país foi em 2010, no estado de Utah. Mas por que Sigmon fez essa escolha? E como funcionará o processo?

O crime que levou à sentença

Em 2001, Sigmon foi condenado pelo duplo assassinato dos pais de Rebecca Barbe, sua ex-companheira, no condado de Greenville, Carolina do Sul. De acordo com investigações, ele invadiu a casa do casal e os espancou até a morte com um taco de beisebol. Em seguida, sequestrou Rebecca sob ameaça de arma, mas ela conseguiu escapar. Durante uma confissão, Sigmon declarou: “Se eu não podia tê-la, não deixaria mais ninguém tê-la”.

A escolha do pelotão de fuzilamento

Sigmon, hoje com 67 anos, está no corredor da morte há mais de duas décadas. Em 2022, o Departamento de Correções da Carolina do Sul anunciou reformas na câmara de execução do presídio Broad River, onde ele está detido. O espaço foi adaptado para incluir uma cadeira fixa, posicionada a 4,5 metros de uma parede com uma abertura retangular. Três policiais voluntários ficarão atrás dessa parede e atirarão em Sigmon quando ele estiver sentado, com um alvo colocado sobre o coração e a cabeça coberta por um capuz.

Para evitar riscos aos espectadores, vidros à prova de balas separam a câmara da sala de testemunhas. A cadeira de metal usada no processo está cercada por equipamentos de proteção, segundo detalhes divulgados pela imprensa local.

Brad Sigmon está no corredor da morte há mais de duas décadas (Departamento de Correções da Carolina do Sul).

Brad Sigmon está no corredor da morte há mais de duas décadas (Departamento de Correções da Carolina do Sul).

Por que não a injeção letal ou a cadeira elétrica?

Na Carolina do Sul, condenados devem escolher entre três métodos: injeção letal, cadeira elétrica ou pelotão de fuzilamento. Se não optarem por nenhum, a execução automática ocorre na cadeira elétrica. Gerald “Bo” King, advogado de Sigmon, explicou que seu cliente rejeitou a cadeira elétrica por considerá-la “arcaica” e capaz de “queimá-lo vivo”. Já a injeção letal foi descartada após três execuções recentes no estado, em setembro, terem resultado em mortes prolongadas — os condenados ficaram mais de 20 minutos conscientes antes de falecerem.

Sigmon, segundo o advogado, está ciente da violência do pelotão de fuzilamento. “Ele não tem ilusões sobre o que os tiros farão com seu corpo”, afirmou King. Ainda assim, preferiu esse método para evitar o sofrimento de familiares e testemunhas, que presenciariam uma morte lenta na injeção letal ou os efeitos brutais da eletrocussão.

O debate sobre métodos de execução

A escolha de Sigmon reacendeu discussões sobre a humanidade de diferentes técnicas de execução. Enquanto alguns defendem que o pelotão é mais rápido e menos doloroso, críticos apontam que nenhum método é totalmente eficaz ou ético. A Carolina do Sul é um dos quatro estados americanos que ainda permitem o fuzilamento, ao lado de Utah, Oklahoma e Mississippi.

A execução de Sigmon será monitorada de perto por grupos de direitos humanos e pela mídia, especialmente por ser a primeira em mais de uma década a usar esse método. Resta saber se o processo ocorrerá conforme planejado — ou se apelos jurídicos de última hora poderão adiar a data marcada para março de 2025.

Enquanto isso, a preparação da câmara de execução em Broad River segue concluída, aguardando o dia em que três tiros definirão o fim de uma história que começou com um crime brutal há 24 anos.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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