No vasto universo de filmes natalinos que dominam nossas telas durante a temporada de festas, uma obra cinematográfica impressionante se destaca. Datado de 1898, Santa Claus é considerado o filme de Natal mais antigo do mundo, criado pelo cineasta britânico George Albert Smith durante a Era Vitoriana.
Essa peça histórica do cinema surgiu apenas dez anos após as primeiras imagens em movimento serem registradas. Enquanto o público contemporâneo está acostumado a longas-metragens repletos de efeitos especiais, essa obra pioneira tem apenas 1 minuto e 17 segundos, mas ainda assim consegue contar uma história natalina completa.
A trama se passa no quarto de crianças na véspera de Natal. A cena começa com uma babá colocando duas crianças para dormir. O que se segue é a mágica chegada de São Nicolau, que entra pela chaminé. O filme retrata o ritual tradicional de entrega de presentes do Papai Noel, enquanto ele cuidadosamente coloca os presentes nas meias das crianças antes de partir, deixando-as para descobrir as surpresas na manhã seguinte.
Apesar de sua brevidade e limitações técnicas — sendo mudo e em preto e branco — o filme apresenta técnicas cinematográficas revolucionárias para a época. Michael Brooke, do British Film Institute, reconheceu o curta como “um dos filmes britânicos mais visual e conceitualmente sofisticados feitos até então”. A característica inovadora do filme foi o uso de tomadas paralelas, mostrando as crianças dormindo ao mesmo tempo que Papai Noel desce pela chaminé, uma técnica nunca antes vista no cinema.
Os espectadores modernos podem se sentir tentados a comparar esse filme da Era Vitoriana com clássicos natalinos contemporâneos, como Esqueceram de Mim, Simplesmente Amor ou O Grinch. Mesmo os amados filmes vintage, como A Felicidade Não se Compra e Milagre na Rua 34, surgiram décadas após a obra pioneira de Smith.
A acessibilidade do filme na era digital é especialmente notável, já que ele pode ser assistido gratuitamente no YouTube. Embora seus valores de produção reflitam as limitações tecnológicas do final do século XIX, Santa Claus oferece aos espectadores uma visão única das origens da narrativa natalina no cinema.
Essa conquista cinematográfica inicial capturou os mesmos elementos festivos que continuam a encantar o público hoje — a expectativa da véspera de Natal, o mistério da chegada do Papai Noel e a alegria da manhã natalina. O filme demonstra como os elementos essenciais das histórias de Natal permaneceram consistentes por mais de um século de produção cinematográfica, mesmo com a evolução das técnicas de simples curtas em preto e branco para produções digitais sofisticadas.