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O pesadelo vivido por uma família de anões em Auschwitz

Leonardo Ambrosio

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Durante o período do nazismo, em que a Alemanha era comandada por Adolf Hitler, o planeta foi apresentado a um exemplo vivo do que pode ser a monstruosidade do ser humano. Em Auschwitz, a maior rede de campos de concentração da Alemanha Nazista, localizada na Polônia, milhares de pessoas sofreram com os absurdos praticados por Hitler e seus capangas durante o Reich.

Pelas mãos do terrível médico Josef Mengele, a família Ovitz viveu o maior pesadelo de sua vida. Naturais da Romênia, os Ovitz eram um clã de anões judeus, submetidos a uma tortura sistemática que comprometeu suas vidas mesmo após anos de encerrada a violência. Mengele, apesar de médico, pouco cuidava da saúde dos judeus em Auschwitz, e focava principalmente na execução de testes e experimentos cruéis, que não raramente tiravam a vida das vítimas, ou a comprometiam permanentemente.

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No caso da família Ovitz, por seus membros tratarem-se de anões, Mengele viu neles uma grande “oportunidade” de colocar em prática seus planos violentos. Por não se adaptarem ao trabalho braçal, os Ovitz eram excelentes artistas, vivendo basicamente da atuação em peças teatrais. Eles estavam em uma viagem pela Hungria, a trabalho, quando acabaram sequestrados pelos nazistas. Vale lembrar que, na época, os nazistas acreditavam que os indivíduos com limitações físicas não mereciam viver, e eram um “peso para a sociedade”.

De acordo com relatos da época, os olhos de Mengele chegaram a brilhar quando ele ficou sabendo que sete anões estavam chegando em Auschwitz.

“Os experimentos mais assustadores eram os ginecológicos. Eles injetavam coisas em nosso útero, extraíam sangue, nos cavavam, furavam e retiravam amostras. É impossível colocar em palavras a dor insuportável que sofremos, e que continuou por muitos dias após o fim dos experimentos”, escreveu Elizabeth Ovitz.

Mesmo os próprios assistentes de Mengele muitas vezes se recusavam a participar dos experimentos, dada toda a crueldade que lhes envolvia.

Além dos terríveis experimentos ginecológicos, Elizabeth também escreveu sobre as extrações de fluidos da espinha, extração de fios de cabelo e testes dolorosos no cérebro, nariz, mãos e boca. Ossos e dentes eram extraídos também, tudo sem nenhum tipo de anestesia. Há relatos também de experimentos envolvendo o uso de água fervente, que era derramada nos ouvidos das vítimas, que posteriormente eram inundados com água extremamente gelada. Normalmente, como você pode ver, os experimentos do médico alemão não possuíam um objetivo certo e claro, e até hoje são considerados totalmente inúteis em sua maioria.

Os Ovitz relataram, no entanto, que Mengele tinha alguns lapsos de uma irônica humanidade. Muitas vezes, quando as autoridades decidiam que era a vez de tirar a vida da família de anões, Mengele impedia que eles fossem mortos. Além disso, Elizabeth contou após a libertação que Mengele costumava levar doces para eles, que normalmente eram confiscados de crianças que entravam nos campos de concentração.

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Durante o período em que a família Ovitz permaneceu em Auschwitz, ela precisou testemunhar a morte de dois outros anões, que tiverem o corpo literalmente cozido em água fervente até que toda a pele fosse separada dos ossos – que foram expostos em um museu de Berlim.

Certamente, eles imaginavam que nunca escapariam deste pesadelo. No entanto, quando o campo foi libertado pelos Soviéticos em 1945, Mengele fugiu com seus papeis de pesquisa desapareceu. Os Ovitz conseguiram ir embora, mas as autoridades nunca capturaram o médico, que veio a falecer no Brasil em 1979.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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