O “dia mais mortal” da história mundial viu 800.000 pessoas perderem suas vidas em uma catástrofe aterrorizante

por Lucas Rabello
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Na madrugada de 23 de janeiro de 1556, a China enfrentou o que seria conhecido como o dia mais mortal da história. O Grande Terremoto de Jiajing, nomeado em referência ao imperador que governava na época, tirou a vida de aproximadamente 830.000 pessoas no distrito de Huazhou, deixando uma marca indelével na história e arquitetura da região.

O evento catastrófico, que atingiu uma magnitude estimada entre 8,0 e 8,3, devastou três grandes cidades e desencadeou uma cascata de destruição na região. De acordo com o Journal of Geophysical Research, as áreas de Huaxian e Weinan foram as mais afetadas, com evidências sugerindo que o terremoto rompeu as falhas de Huashan e Weinan.

Documentos históricos antigos, conhecidos como Anais, oferecem uma descrição vívida das transformações que ocorreram durante o desastre. Segundo os relatos traduzidos: “Em alguns lugares, o solo subiu repentinamente e formou novas colinas, ou afundou abruptamente, criando novos vales. Em outras áreas, um riacho surgiu de repente, ou o solo se abriu e apareceram novos desfiladeiros. Cabanas, casas oficiais, templos e muralhas da cidade desabaram de uma só vez”.

As regiões de Huaxian e Weinan foram gravemente impactadas.

As regiões de Huaxian e Weinan foram gravemente impactadas.

O número sem precedentes de mortes foi amplamente atribuído ao tipo de habitação predominante na época. Muitos moradores viviam em cavernas chamadas Yaodongs, que desabaram devido à força intensa do terremoto. O desastre também evidenciou a vulnerabilidade da arquitetura urbana, já que muitas cidades importantes apresentavam construções feitas de pedra densa e pesada, que ruíram durante o terremoto, esmagando milhares de pessoas.

O impacto do terremoto trouxe mudanças significativas às práticas de construção na região. As comunidades abandonaram o uso de pedra em suas construções, adotando materiais como bambu e madeira, que são naturalmente mais resistentes a tremores. Essa adaptação arquitetônica representou uma lição crucial aprendida com a catástrofe, já que esses materiais mais flexíveis ofereciam maior proteção contra eventos sísmicos.

Os efeitos do terremoto se estenderam muito além da destruição inicial. A região sofreu com réplicas por seis meses após o evento principal, o que causou danos adicionais e dificultou os esforços de recuperação. A combinação do terremoto inicial, seguido por deslizamentos de terra, deslizamentos de lama e incêndios, criou um cenário de desastre complexo que afetou a região em vários níveis.

O evento sísmico não apenas remodelou a paisagem física, mas também transformou a abordagem à construção e ao planejamento urbano nas cidades chinesas. A transição de edifícios de pedra para materiais mais resistentes a terremotos marcou uma mudança significativa nas práticas arquitetônicas, demonstrando como as comunidades se adaptaram para evitar níveis semelhantes de devastação em futuros desastres.

O Grande Terremoto de Jiajing continua sendo um ponto de estudo importante para sismólogos e historiadores, oferecendo insights sobre a atividade geológica da região e a resposta humana a desastres naturais. A documentação do evento em registros históricos ajuda pesquisadores modernos a compreenderem a escala e o impacto desse gigantesco evento sísmico que ocorreu há quase cinco séculos.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.