Em 12 de novembro de 1970, os moradores da pequena cidade de Florence, em Oregon, testemunharam um evento raro: Uma baleia gigantesca explodindo em milhares de pedaços de carne e gordura, que atingiram uma altitude de mais de 30 metros no céu da cidade.
A carcaça de cachalote, com 13 metros de comprimento e oito toneladas, havia chegado à praia dias antes de explodir, e o Departamento de Transportes de Oregon recebeu a tarefa nada agradável de limpar o local. As autoridades temiam que as pessoas começassem a escalar o cadáver, e até mesmo se machucassem. Por isso, o engenheiro George Thornton teve uma ideia que acabaria entrando para a história: explodir a carcaça. Felizmente, o evento foi gravado por uma emissora de televisão na época, mas a reportagem foi tão bizarra que muitas pessoas hoje em dia tendem a acreditar que ela era uma farsa. No entanto, as pessoas que estavam lá sabem que a explosão da baleia foi tão real quanto assustadora. Acredite ou não, tudo isso realmente aconteceu, e nós vamos contar como.
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A EXPLOSÃO

A gigantesca carcaça fedorenta na praia de Florence colocou as autoridades de Oregon em uma situação bizarra nunca antes enfrentada. Eles temiam que enterrar a baleia seria inútil, já que a decomposição do seu corpo acabaria provocando odores insuportáveis pouco tempo depois. E ainda que fosse possível cortar a carcaça em pedaços depois de aliviar a pressão do metano com incisões, ninguém estava muito animado para fazer isso.
Foi então que George Thornton propôs explodir a carcaça com meia tonelada de dinamite. Ele fez questão de consultar especialistas em munições da Marinha dos EUA antes de avançar com a sua proposta, mas claro que muita gente ficou assustada na época. Afinal de contas, esses eram explosivos com grande potencial destrutivo. Mas, tecnicamente falando, a ideia do engenheiro fazia algum sentido, e então as autoridades passaram a reunir a quantidade correta de explosivos, posicionando-os ao redor da criatura gigante, na esperança de se livrar do problema. Após a detonação, a ideia era que as gaivotas e outros animais carniceiros comessem qualquer pedaço de carne da baleia que não fosse levado pela maré.
Quem não ficou muito feliz naquele dia foi o repórter Paul Linnman, que foi escalado para cobrir a explosão da baleia. “Eu estava recebendo boas pautas e, então, quando eles me pediram para ir a Florence cobrir a explosão de uma baleia eu disse: ‘Uau, espere um pouco, eu sou um prodígio aqui. Eu faço histórias maiores. Mande outra pessoa’. Então eles me dissera que iam usar meia tonelada de dinamite e eu disse ‘ok, vamos lá'”, contou Paul Linnman algum tempo depois da história.
Felizmente, ninguém se machucou com a explosão, mas para quem estava lá este evento foi algo praticamente impossível de se esquecer. De acordo com as testemunhas, milhares de pedaços enormes de gordura e carne foram arremessados para o céu, caindo ao redor dos espectadores – que estava a cerca de 400 metros de distância da baleia. “Pedaços do animal voaram em todas as direções, e os espectadores começaram a gritar e correr para se proteger quando perceberam os grandes pedaços voando logo acima deles”, contou Larry Bacon, uma das testemunhas, ao ‘The Register-Guard’.
OS EFEITOS DO FRACASSO
Para George Thornton, o incidente da baleia explosiva permaneceu como uma mancha lamentável até a sua morte, em 2013, aos 84 anos de idade. Apesar de ter tido muita confiança de que o seu plano funcionaria, o fracasso da sua ideia o constrangeu pelo resto da vida. Várias vezes ele se negou a falar sobre o assunto, e em determinado momento diz que sempre que tocava nesse evento ele sentia como se “tudo estivesse explodindo na sua cara outra vez”.
Mas ainda que as coisas não tenham corrido como esperado, não podemos esquecer que ninguém se machucou com a explosão, e que apesar do suposto fracasso pelo menos a humanidade ganhou uma história surreal que teve a felicidade de ser gravada por uma emissora de televisão. “Eu acho que essa história foi a primeira a se tornar viral na Internet. A história persiste porque é interessante”, disse Ed Shoaps, um dos homens do governo envolvidos no caso.
De qualquer forma, a filmagem da baleia explodindo foi um objeto de fascínio por décadas. No início dos anos 90, muitos descobriram o vídeo pela primeira vez, e acreditavam que se tratava de um acontecimento recente. Naquela época, as autoridades do Oregon precisaram se manifestar, dizendo que as imagens haviam sido feitas décadas atrás.
No fim das contas, explosões como essa continuam acontecendo até os dias de hoje, ainda que as baleias sejam primeiro levadas até o mar. Enquanto isso, o estado do Oregon implementou uma política que exige que as carcaças sejam enterradas nos casos em que seja impossível arrastá-las para o mar. Em julho de 2020 – meio século após a explosão – os moradores de Florence votaram para homenagear o incidente com um parque. Em uma pesquisa para determinar o nome do novo parque, o vencedor foi “Exploding Whale Memorial Park” (algo como: Parque em Memória da Baleia Explosiva).
Com informações do All That’s Interesting.