Cientistas confirmam o núcleo interno da Terra está desacelerando

por Lucas Rabello
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Descobertas recentes de pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia (USC) revelaram um fenômeno extraordinário ocorrendo nas profundezas da Terra. O núcleo interno, uma esfera sólida de ferro e níquel com um raio de aproximadamente 1.220 quilômetros, começou a desacelerar sua rotação. Essa descoberta representa uma mudança significativa na nossa compreensão da dinâmica interna da Terra, já que os dados indicam que, desde 2010, o núcleo interno está se movendo mais lentamente do que a superfície do planeta.

“Quando analisamos os sismogramas que mostravam essa mudança pela primeira vez, fiquei cético”, diz o Dr. John Vidale, geocientista da USC. “Mas após encontrar mais de vinte observações exibindo o mesmo padrão, não podíamos negar o que estávamos vendo. O núcleo interno diminuiu sua velocidade pela primeira vez em décadas.”

A Ciência por Trás da Desaceleração

A metodologia da equipe de pesquisa envolveu a análise de dados sísmicos coletados ao longo de várias décadas, com atenção especial a terremotos repetidos nas Ilhas Sandwich do Sul e testes nucleares soviéticos da década de 1970. Esses eventos sísmicos provaram ser inestimáveis, pois geram sismogramas idênticos, permitindo que os cientistas estudem o interior da Terra com uma precisão sem precedentes.

O comportamento do núcleo interno afeta vários aspectos do funcionamento do nosso planeta, incluindo a geração do seu campo magnético e a atividade tectônica. Embora a desaceleração possa influenciar a duração dos nossos dias, quaisquer alterações seriam mínimas – medidas em milissegundos – e praticamente indetectáveis para os humanos. Como observa Vidale, “Essas variações são tão sutis que se perdem no ruído dos movimentos oceânicos e atmosféricos.”

Duas hipóteses principais surgiram para explicar essa desaceleração. A primeira sugere que movimentos turbulentos no núcleo externo líquido criam uma força de arrasto que desacelera o núcleo interno. A segunda teoria propõe que interações gravitacionais com regiões mais densas do manto terrestre podem estar puxando o núcleo interno, contribuindo assim para sua desaceleração.

Dentro da Estrutura da Terra

A arquitetura interior do nosso planeta é mais complexa do que muitos imaginam. A crosta, onde vivemos, compreende apenas 1% do volume total da Terra. Abaixo dessa fina camada está o manto, que representa 84% do volume do planeta e se estende por aproximadamente 2.900 quilômetros de profundidade. Apesar de equívocos comuns, o manto não é composto de lava líquida, mas sim de rocha que pode fluir sob pressão devido a temperaturas extremamente altas.

O núcleo em si é dividido em duas regiões distintas. O núcleo externo consiste em ferro e níquel fundidos, com cerca de 2.300 quilômetros de espessura. Esta camada líquida envolve o núcleo interno sólido, que mede aproximadamente 2.440 quilômetros de diâmetro. Essa disposição desempenha um papel crucial na geração do campo magnético da Terra por meio de um processo conhecido como geodinamo.

O Impacto nos Sistemas da Terra

A relação entre a rotação do núcleo interno e o campo magnético da Terra é intrincada e vital. O campo magnético protege nosso planeta da radiação solar prejudicial e desempenha um papel crucial na manutenção da nossa atmosfera. Embora os efeitos da desaceleração atual permaneçam incertos, os cientistas continuam a monitorar essas mudanças de perto.

Equipes de pesquisa em todo o mundo estão agora focadas em rastrear a trajetória do núcleo interno com mais precisão. Elas estão empregando técnicas avançadas de monitoramento sísmico e desenvolvendo novos modelos matemáticos para entender melhor esse fenômeno. Este trabalho envolve a análise de dados de milhares de terremotos e o uso de simulações computacionais sofisticadas para modelar as complexas interações entre as diferentes camadas da Terra.

“O que estamos observando pode fazer parte de um ciclo de longo prazo que ainda não compreendemos completamente”, diz Vidale. “O comportamento do núcleo interno pode ser mais variável do que pensávamos anteriormente, operando em escalas de tempo de décadas ou séculos, em vez dos milhões de anos que geralmente associamos a processos geológicos.”

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.