As pirâmides do Egito há muito tempo capturam a imaginação de pessoas ao redor do mundo. Essas estruturas massivas, construídas há milhares de anos, mostram a engenhosidade e habilidade da civilização egípcia antiga. Durante séculos, estudiosos e pesquisadores se perguntaram sobre os métodos usados para construir esses monumentos colossais. Agora, um estudo inovador publicado na revista científica PLOS One sugere que os antigos egípcios podem ter tido um aliado inesperado em seus esforços de construção das pirâmides: a água.
O estudo foca na Pirâmide de Degraus de Djoser, uma das pirâmides mais antigas do Egito, datada de aproximadamente 4.500 anos. Localizada logo fora da antiga capital, Mênfis, essa pirâmide é única em seu design, apresentando seis camadas distintas ou “degraus” de pedra. Sob a pirâmide encontra-se um extenso complexo subterrâneo contendo cerca de 400 salas, adicionando complexidade e mistério à estrutura.
Tradicionalmente, especialistas acreditavam que as pirâmides eram construídas usando uma combinação de rampas e alavancas. Essa teoria propunha que blocos de pedra maciços eram arrastados por rampas longas e inclinadas e então manobrados no lugar usando um sistema de alavancas e roldanas. Embora essa explicação parecesse plausível, ela deixava muitas perguntas sem resposta, particularmente em relação à construção dos níveis superiores das pirâmides.
A nova pesquisa propõe uma alternativa fascinante: um sistema de elevação hidráulica movido a água. Essa teoria sugere que os antigos egípcios, conhecidos por sua maestria em hidráulica e construção de canais para fins de irrigação, podem ter aplicado esse conhecimento à tarefa monumental de construção de pirâmides.
Segundo o estudo, foram encontradas evidências indicando a presença de um sistema de filtragem de água e hidráulica na Pirâmide de Degraus de Djoser. Os pesquisadores observaram que a pirâmide provavelmente foi construída a jusante de uma bacia hidrográfica, o que teria fornecido uma fonte crucial de água para essa técnica inovadora de construção.
Uma das principais evidências que apoiam essa teoria é a presença do “Fosso Seco” ao redor do complexo de Djoser. O estudo sugere que esse fosso pode ter sido preenchido com água do Lago Superior de Abusir, criando uma rede de vias navegáveis adequadas para navegação e transporte de materiais. Essa infraestrutura aquática poderia ter desempenhado um papel vital no movimento dos blocos de pedra massivos usados na construção da pirâmide.
A arquitetura interna da Pirâmide de Degraus também fornece pistas para apoiar essa teoria hidráulica. Os pesquisadores descobriram características consistentes com um dispositivo de elevação hidráulica, um mecanismo previamente não relatado no contexto das técnicas de construção egípcias antigas. Esse dispositivo pode ter permitido aos construtores elevar pedras de dentro da pirâmide, em um movimento descrito pelo estudo como “moda vulcânica”.
Outras evidências vêm das caixas de pedra de granito encontradas no fundo dos poços norte e sul acima da Pirâmide de Degraus. Anteriormente, pensava-se que essas caixas eram câmaras funerárias para o faraó Djoser, mas agora parecem ter as características técnicas de um sistema de entrada/saída para fluxo de água. Essa descoberta adiciona peso à teoria de um sistema hidráulico sofisticado em funcionamento dentro da estrutura da pirâmide.
Se confirmada, essa teoria poderia revolucionar nossa compreensão das técnicas de engenharia e construção dos antigos egípcios. Demonstraria um nível ainda maior de sofisticação tecnológica do que se acreditava anteriormente, mostrando a capacidade dos egípcios de aproveitar recursos naturais de maneiras inovadoras para alcançar seus objetivos monumentais.
As implicações dessa pesquisa vão além da Pirâmide de Degraus de Djoser. Se sistemas hidráulicos foram realmente usados na construção de pirâmides, isso poderia fornecer novos insights sobre como outros monumentos egípcios antigos foram construídos. Isso poderia resolver mistérios de longa data em torno da construção de pirâmides maiores, como a Grande Pirâmide de Gizé.
Como qualquer nova teoria científica, mais pesquisas e evidências serão necessárias para validar completamente essas descobertas. No entanto, este estudo abre novas e excitantes avenidas de exploração no campo da egiptologia e engenharia antiga.