Nos registro da exploração, um capítulo permaneceu inédito por séculos: a descoberta do oitavo continente, Zealandia. Abrangendo cerca de 4,9 milhões de quilômetros quadrados, essa massa de terra submersa é seis vezes maior que Madagascar. Embora 94% da Zealandia esteja submersa, partes como a Nova Zelândia fornecem pistas sobre sua existência.
A Busca Começa
Abel Tasman, um marinheiro holandês, partiu em 1642, determinado a encontrar a hipotética “Terra Australis” no hemisfério sul. Sua jornada levou-o à Nova Zelândia, mas encontros hostis com os Māori locais e incidentes trágicos o forçaram a recuar, deixando para trás a terra intocada.
Avançando para 2017, uma equipe de geólogos fez manchetes com uma descoberta revolucionária: Zealandia, ou Te Riu-a-Māui no idioma Māori. Andy Tulloch, um geólogo do Instituto de Pesquisa da Coroa da Nova Zelândia, GNS Science, comentou: “Este é um exemplo de como algo muito óbvio pode demorar a ser descoberto.” Zealandia, escondida à vista de todos, havia escapado à descoberta por séculos.
Montando o Quebra-cabeça
Historicamente, vários exploradores tiveram indícios da existência de Zealandia. James Cook tinha uma missão secreta relacionada ao continente sul e pode ter navegado sobre Zealandia a caminho da Nova Zelândia sem saber. Em 1895, o naturalista escocês Sir James Hector postulou que a Nova Zelândia poderia ser parte de um continente submerso, baseando-se em suas descobertas geológicas. Mas foi apenas na década de 1960 que os geólogos chegaram a um consenso sobre o que constitui um continente, abrindo caminho para a descoberta da Zealandia.
Foi somente com a “Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar” em 1995 que a busca por Zealandia ganhou ímpeto. A convenção permitiu que as nações ampliassem seus territórios comprovando sua conexão com massas continentais maiores. A Nova Zelândia, percebendo o potencial de reivindicar um território maior, financiou expedições para reunir evidências. À medida que mais amostras de rochas eram coletadas, o caso da Zealandia se fortalecia.
A grande virada veio com dados de satélite que mapearam o leito oceânico. Por meio dessa tecnologia, Zealandia apareceu como uma massa terrestre distinta, quase tão vasta quanto a Austrália. Nick Mortimer, da GNS Science, declarou: “Se você pensar bem, cada continente tem diferentes países nele, [mas] há apenas três territórios na Zealandia.”
Desvendando os Segredos da Zealandia
Originária do antigo supercontinente de Gondwana, Zealandia se separou há cerca de 105 milhões de anos. No entanto, mistérios permanecem. Como essa massa terrestre fina não se fragmentou em pedaços menores? Sempre esteve submersa ou já foi uma terra seca? As respostas para estas perguntas têm implicações significativas para entender a flora e fauna da Zealandia.
A ligação da Zealandia com Gondwana sugere que partes dela podem sempre ter estado acima do nível do mar. Isso é corroborado pela presença de alguns fósseis encontrados na Nova Zelândia que datam de depois da separação da Zealandia de Gondwana. O mistério se aprofunda ao considerar o pássaro nativo da Nova Zelândia, o kiwi. Acredita-se que seu parente mais próximo seja o pássaro-elefante de Madagascar, indicando um ancestral compartilhado dos tempos de Gondwana.
Em 2017, cientistas perfuraram o leito marinho da Zealandia, extraindo núcleos contendo pólen de plantas terrestres e conchas de organismos marinhos. Essas descobertas sugerem a possibilidade de que Zealandia não estava sempre tão submersa quanto se pensava anteriormente.
A Forma Única da Zealandia
Uma das características intrigantes da Zealandia é sua forma curvada, particularmente notável ao observar os mapas geológicos da Nova Zelândia. A região mostra evidências de ter sido torcida no ponto onde as placas tectônicas do Pacífico e da Austrália se encontram. A razão para essa torção permanece um mistério. Andy Tulloch afirmou: “Existem várias interpretações, mas isso é algo bastante desconhecido.”
A exploração da Zealandia é, sem dúvida, um desafio. Como Rupert Sutherland, da Universidade Victoria de Wellington, coloca: “É difícil fazer descobertas quando tudo está debaixo d’água.” No entanto, a natureza submersa do continente não diminui sua importância.
Conclusão
A descoberta da Zealandia é um testemunho da curiosidade e perseverança humanas. Este continente submerso, com seus mistérios e rica história, nos lembra que ainda há muito a aprender sobre nosso planeta. A busca para desvendar os segredos da Zealandia não é apenas um exercício acadêmico; é uma jornada ao coração da geologia da Terra, redefinindo nossa compreensão dos continentes do mundo. [BBC]