Nos últimos dois meses, astrônomos identificaram um asteroide do tamanho da Estátua da Liberdade – cerca de 93 metros de altura – que pode colidir com a Terra em 2032. Batizado de 2024 YR4, ele tem uma chance de 1 em 43 de atingir nosso planeta, segundo cálculos recentes. Se isso acontecer, a energia liberada seria equivalente a 8 milhões de toneladas de TNT, devastando tudo em um raio de 48 quilômetros. Apesar de parecer distante, alguns especialistas alertam que já pode ser tarde para evitar a catástrofe.
O engenheiro David Rankin, da NASA, mapeou um “corredor de risco” que abrange desde o norte da América do Sul até partes da África e Ásia. Nove países estão na zona de possível impacto: Índia, Paquistão, Bangladesh, Etiópia, Sudão, Nigéria, Venezuela, Colômbia e Equador. A trajetória prevista indica que o asteroide entraria na atmosfera terrestre, causando uma explosão aérea capaz de nivelar cidades inteiras.
O maior desafio, porém, não é apenas o tamanho do objeto. O cientista e autor Robin George Andrews, conhecido por seu livro Como Destruir um Asteroide, explicou em uma série de posts no Twitter que tentar desviá-lo pode ser arriscado. “Ninguém quer ‘fragmentar’ um asteroide por acidente. Os pedaços ainda podem vir em direção à Terra. É como transformar uma bala de canhão em uma chuva de estilhaços”, escreveu.
Andrews mencionou a missão DART (Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo), da NASA, que em 2022 alterou com sucesso a órbita de um asteroide menor. Mas, no caso do 2024 YR4, a estratégia pode falhar. “Se ele for maior do que imaginamos, uma única nave não será suficiente. Precisaríamos de várias, todas acertando o alvo com precisão. E mesmo assim, se o desviarmos apenas parcialmente, ele ainda pode atingir a Terra, mas em outra região”, alertou.
O Dr. Robin George Andrews acredita que a melhor defesa possível pode ser simplesmente permitir que o asteroide atinja a Terra e evacuar a área.
A janela de ação é curta. O asteroide só se aproximará novamente da Terra em 2028, deixando pouco tempo para ajustes após novos cálculos. Para piorar, tecnologias como a DART exigem anos de preparação. “Se não conseguirmos desviá-lo completamente, a única saída será evacuar as áreas sob risco”, disse Andrews.
Apesar do alarme, é importante ressaltar que a probabilidade de impacto ainda é baixa – cerca de 2,3%. A maioria dos asteroides desse tamanho acaba queimando na atmosfera ou mudando de rota devido à gravidade terrestre. Mas o 2024 YR4 serve como um teste para a preparação global. Agências espaciais já monitoram sua trajetória, e países no corredor de risco começaram a discutir planos de emergência.
Enquanto isso, cientistas seguem analisando dados. A cada nova observação, a trajetória do asteroide é recalculada. Se a ameaça se confirmar, a humanidade enfrentará um dilema: arriscar uma intervenção complexa ou organizar a maior evacuação da história. Por enquanto, o conselho de Andrews é claro: “Se não houver certeza, é melhor sair do caminho”.
