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Novo estudo aponta o pangolim como hospedeiro intermediário do coronavírus

Leonardo Ambrosio

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Desde o início do surto do coronavírus, cientistas do mundo inteiro começaram a se dedicar à busca por evidências que possam explicar a verdadeira origem do patógeno. Desde o princípio do surto, os especialista sabem que a transmissão em massa do coronavírus provavelmente teve como ponto de partida uma feira a céu aberto de frutos do mar. No entanto, o que não é claro é qual animal exatamente abrigou o coronavírus antes dele começar a ser passado para os seres humanos.

Agora, em um artigo publicado no ‘The Conversation‘, um grupo de cientistas apresentou mais evidências que ligam a transmissão do coronavírus ao pangolim – mamífero comum na China, Malásia e outros países asiáticos. Essas evidências vão na contramão de outros indícios que apontavam para morcegos, cobras e outros animais exóticos que eram comercializados na feira de Huanan, marco zero da transmissão da Covid-19.

No artigo, assinado por Yang Zhang, Chengxin Zhang e Wei Zheng, os cientistas defendem que dificilmente o coronavírus “pulou” dos morcegos diretamente para os seres humanos, já que, com base naquilo que a ciência já sabe sobre os vários outros tipos de coronavírus, esses patógenos normalmente dependem de um hospedeiro intermediário. No caso da SARS-CoV, causadora da pandemia da SARS em 2003, o coronavírus em questão fora passado de morcegos para civetas, outro tipo de mamífero comum na Ásia. Ao mesmo tempo, como lembram os pesquisadores, o coronavírus causador da MERS em 2012 passou de morcegos para dromedários antes de atingir os seres humanos.

Agora, no entanto, o caminho do SARS-CoV-2 ainda guarda seus mistérios.

Estudos preliminares, realizados a logo após o início do surto, chegaram a apontar que as cobras possivelmente haviam sido as responsáveis pelo início da pandemia. Entretanto, a hipótese não convenceu grande parte da comunidade científica, principalmente pelo fato de que não há estudos prévios suficientes para defender a tese de que coronavírus podem passar de animais de sangue frio, como as cobras, para animais como os seres humanos.

No novo estudo, que você pode conferir clicando aqui, os cientistas constataram que sequência genética de um coronavírus descoberto em pangolins da Malásia possui 91% de similaridade com o SARS-CoV-2. De acordo com os pesquisadores, a similaridade é especificamente impressionante no que diz respeito à proteína ACE2, que o patógeno usa para penetrar a célula das vítimas. O coronavírus encontrado nos pangolins tinha 5 aminoácidos diferentes nessa proteína em relação aos encontrados na cepa do vírus que ataca seres humanos, enquanto aqueles encontrados em morcegos possuem 19 aminoácidos diferentes.

Mistérios do Mundo
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É importante ressaltar, no entanto, que mais de um animal pode ter tido participação na passagem do SARS-CoV-2 para os seres humanos. Os guaxinins e texugos, por exemplo, também são capazes de transmitir a SARS.

“Da mesma forma, gatos e furões também podem ser infectados pelo SARS-CoV-2, ainda que não se saiba se os seres humanos podem ser infectados pelos coronavírus que residem nesses animais”, concluíram os pesquisadores no artigo publicado no site ‘The Conversation’.

Fonte: ScienceAlert.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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