As profundezas dos oceanos continuam a revelar criaturas extraordinárias. Cientistas identificaram uma nova e notável espécie em um dos ambientes marinhos mais profundos da Terra.
O Dulcibella camanchaca, um anfípode predador descoberto na costa do Chile, representa um avanço significativo na pesquisa de águas profundas, marcando a primeira descoberta de um anfípode predador grande e ativo na zona hadal.
As Características Únicas de um Caçador Abissal
Com cerca de 4 centímetros de comprimento, o Dulcibella camanchaca se destaca entre seus parentes anfípodes não apenas pelo tamanho, mas também por suas adaptações especializadas para caça.
A criatura possui apêndices raptoriais distintos, conhecidos como gnathópodes, que permitem capturar presas nas condições extremas do fundo do oceano. Essas características anatômicas, combinadas com sua capacidade de nadar rapidamente, fazem dele um predador formidável em seu ambiente.
A espécie pertence à família Eusiridae e representa um gênero completamente novo, adicionando mais uma peça ao complexo quebra-cabeça da biodiversidade marinha de águas profundas.
Uma Conquista Científica Colaborativa
A descoberta foi realizada durante a Expedição do Sistema Integrado de Observação do Oceano Profundo (IDOOS, na sigla em inglês), uma colaboração entre a Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) e o Instituto Milênio de Oceanografia (IMO).
A Dra. Johanna Weston, ecologista hadal do WHOI e coautora do estudo, explicou a origem do nome da criatura: “Dulcibella camanchaca é um predador rápido que nomeamos em referência à ‘escuridão’ nas línguas dos povos da região dos Andes, para simbolizar o oceano profundo e escuro de onde ele predomina.”
A espécie foi encontrada a uma profundidade impressionante de 7.900 metros na Fossa do Atacama, uma formação submarina criada pela colisão de placas tectônicas, que atinge profundidades de até 8.000 metros, segundo o SciTechDaily.
Explorando o Ecossistema da Fossa do Atacama
A Expedição IDOOS, planejada para durar pelo menos cinco anos, busca ampliar nosso entendimento sobre a circulação e a mistura das águas profundas no Pacífico Sul Oriental, com ênfase na Fossa do Atacama.
A pesquisa também investiga a natureza e a dinâmica do fluxo vertical de partículas na zona hadal, fornecendo dados cruciais sobre esses ambientes marinhos pouco compreendidos. Carolina González, oceanógrafa da Universidade de Concepción e coautora do estudo, destacou a importância da abordagem integrativa da pesquisa para confirmar o Dulcibella camanchaca como uma nova espécie.
A expedição, que segue em andamento, continua a investigar como os ecossistemas de águas profundas, como o da Fossa do Atacama, estão sendo afetados por ameaças como a poluição e o aquecimento global.
Enquanto isso, novos registros de espécies desconhecidas são esperados. A equipe de pesquisa espera que, ao explorar mais esse ecossistema único, contribua para o entendimento crescente da biodiversidade marinha de águas profundas e das complexas interações que ocorrem nessas remotas regiões do oceano.