Nem geladeira, nem ar-condicionado: esse é o eletrodoméstico que mais gasta energia

por Lucas Rabello
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As contas de luz no Brasil não param de subir. Inflação, mudanças climáticas e aumento na demanda por energia são fatores que contribuem para esse cenário. Enquanto muitos apontam a geladeira, o ar-condicionado ou a máquina de lavar como os grandes responsáveis pelo gasto, existe um aparelho que costuma passar despercebido — e é ele o verdadeiro culpado pelos valores estratosféricos da sua fatura.

O que define o consumo de energia de um eletrodoméstico?

Antes de revelar o vilão, é importante entender os fatores que influenciam o consumo de energia. O primeiro deles são os hábitos de uso. De nada adianta comprar um aparelho eficiente se ele fica ligado o dia todo sem necessidade. A geladeira, por exemplo, precisa de ajustes no termostato conforme a quantidade de alimentos e a temperatura ambiente. Se estiver cheia e regulada no máximo, o compressor trabalha mais, gastando mais energia.

A idade do eletrodoméstico também pesa. Modelos antigos, mesmo que ainda funcionem, costumam ser menos eficientes devido a tecnologias ultrapassadas. Outro ponto crucial é a potência: quanto maior, mais energia o dispositivo consome. Por fim, a classificação energética (selo Procel ou Conpet) é um indicador valioso. Aparelhos com classificação A são os mais econômicos, enquanto os de classificação D ou E podem encarecer a conta.

Na hora da compra, avalie suas necessidades reais. Uma geladeira de 300 litros é suficiente para quem mora sozinho, assim como uma máquina de lavar de 8 kg. Priorize sempre modelos com boa eficiência energética e evite exageros no tamanho ou na capacidade.

Como calcular o consumo de cada aparelho?

Para descobrir quanto cada dispositivo consome, você precisa de três informações: a potência do aparelho (em watts), o tempo de uso diário (em horas) e o preço do kWh na sua região. A fórmula é simples:

  1. Converta a potência de watts para quilowatts (kW): divida o valor por 1000.
  2. Multiplique a potência em kW pelo número de horas que o aparelho fica ligado por dia.
  3. Multiplique o resultado pelos 30 dias do mês.
  4. Por fim, multiplique o total pelo valor do kWh (consulte no site da ANEEL).

Exemplo prático: uma TV de 150 W usada 5 horas por dia.

  1. 150 W ÷ 1000 = 0,15 kW
  2. 0,15 kW x 5 horas = 0,75 kWh/dia
  3. 0,75 kWh x 30 dias = 22,5 kWh/mês
  4. Se o kWh custa R$ 0,75, og asto mensal será:22,5×0,75=R$ 16,87.

Esse cálculo vale para qualquer aparelho, mas alguns exigem ajustes. Geladeiras, por exemplo, não funcionam ininterruptamente. Para estimar seu consumo, divida a potência por três. Uma geladeira de 300 W gasta aproximadamente 100 W por hora. Multiplicando pelas 24 horas do dia, temos 2,4 kWh/dia, ou 72 kWh/mês.

O grande vilão: o chuveiro elétrico

O chuveiro elétrico é o grande vilão na conta de luz

O chuveiro elétrico é o grande vilão na conta de luz

Apesar de pequeno e de uso individual, o chuveiro elétrico é o maior consumidor de energia em uma residência brasileira. A explicação está na potência elevada e no tempo de uso. Enquanto geladeiras e máquinas de lavar operam com potências entre 100 W e 900 W, um chuveiro comum tem resistências que variam de 4.500 W a 7.800 W.

Funcionamento: o chuveiro aquece a água usando um sistema de resistências que convertem energia elétrica em calor. Quanto maior a potência, mais rápido o aquecimento, mas também maior o consumo. Em uma casa com quatro moradores, por exemplo, se cada um toma um banho de 15 minutos no modo “inverno” (6.800 W), o consumo diário será:

  1. 6.800 W ÷ 1000 = 6,8 kW
  2. 1 hora de uso total (4 pessoas x 15 minutos)
  3. 6,8 kW x 1 hora = 6,8 kWh/dia
  4. 6,8 kWh x 30 dias = 204 kWh/mês
  5. Considerando a tarifa do Rio de Janeiro (R$ 0,75/kWh), o custo mensal chega a  153.

Dicas para reduzir o gasto com o chuveiro

  1. Encurte o tempo do banho: Reduzir de 15 para 10 minutos por pessoa diminui o consumo mensal em 25%.
  2. Ajuste a temperatura: Em dias quentes, use o modo “verão” ou “morno”, que consome até 30% menos energia.
  3. Invista em modelos eficientes: Chuveiros com regulagem de potência permitem ajustes precisos, evitando desperdício.
  4. Faça manutenção: Resíduos de calcário nas resistências reduzem a eficiência. Limpe-as periodicamente.
  5. Desligue o chuveiro ao se ensaboar: Um minuto com o registro fechado economiza até 3 kWh por mês por pessoa.

Embora modelos de chuveiro inteligentes sejam mais caros, o investimento se paga com o tempo. Além disso, a instalação de sistemas de aquecimento solar pode reduzir drasticamente a dependência do chuveiro elétrico, principalmente em regiões com alta incidência de sol.

E os outros aparelhos?

Embora o chuveiro seja o principal vilão, outros dispositivos merecem atenção:

  • Ar-condicionado: Um modelo de 12.000 BTU consome cerca de 1,5 kW por hora. Se usado 8 horas por dia, gasta 360 kWh/mês (R$ 270).
  • Ferro de passar: Potência média de 1.000 W. Uma hora de uso diário resulta em 30 kWh/mês (R$ 22,50).
  • Computador gamer: Consome até 500 W. Se usado 4 horas por dia, chega a 60 kWh/mês (R$ 45).

Monitorar o consumo de cada aparelho e ajustar hábitos são passos essenciais para controlar a conta de luz. Com informações claras e escolhas conscientes, é possível reduzir os gastos sem abrir mão do conforto.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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