Não importa o que você comeu hoje, seu jantar ou almoço provavelmente foi melhor que o de um nativo americano há 1550 anos. De acordo com pesquisadores que analisaram os restos fecais preservados de um nativo dos Estados Unidos que viveu há mais de 1500 anos, foram encontrados nas fezes restos de uma cobra, suas escamas, ossos e até mesmo restos animais que ela provavelmente havia comido antes de virar jantar.

O clima seco do deserto onde foram encontradas as fezes permitiu que elas fossem perfeitamente preservadas, a ponto de conseguirmos, tanto tempo depois, estudar sua composição.
A análise de todas as descobertas feitas no material fecal (uma presa com um canal de veneno, 48 escamas e ossos) indica que a cobra em questão é uma Cascavel do Texas (Crotalus atrox), comum no deserto em que os restos foram encontrados. Os resultados também sugere que o animal foi comido de uma vez só, sem nenhum tipo de cozimento ou processo de preparo. É praticamente descartada a hipótese das fezes serem de qualquer outro animal que não um ser humano, visto que as análises apontam para uma criatura onívora – o que na região do Rio Pecos, onde os restos foram encontrados, restringe os resultados basicamente aos seres humanos.
Uma das principais dúvidas levantadas por esta descoberta (além de como este nativo conseguiu este feito!) é o motivo por trás da ingestão do animal, principalmente da forma como ela se deu. Não se sabe, até o momento, se o animal foi consumido com fins de alimentação ou como parte de algum tipo de ritual ou cerimônia. “Nós imaginamos que a ingestão de uma cobra venenosa inteira não é um comportamento típico dos ocupantes da região do Rio Pecos e de Conejo Shelter”, escreveram os pesquisadores da Texas A&M University.
Não é exatamente o consumo de cobras que chama atenção dos cientistas, já que na mesma região do Texas, bem como em outras localidades dos Estados Unidos, a ingestão de cobras e de outros animais exóticos não era tão incomum. No entanto, era comum que os nativos pelo menos retirassem as escamas e os dentes do animal antes do consumo.
A ciência já sabe, por exemplo, que os integrantes do povo Hopi costumavam utilizar a cabeça de cobras em cerimônias religiosas, colocando-as na boca com o intuito de fazer com que os animais mortos “transmitissem mensagens para os deuses”, pedindo por chuvas, por exemplo. Algumas imagens Aztecas também mostram seres humanos segurando cobras em suas bocas.
Seja lá o motivo por trás desta “refeição” incomum e provavelmente dolorosa, só nos resta imaginar o desastre que deve ter sido para que a cobra saísse do corpo do nativo americano que realizou esta proeza.