Até 800.000 hectares da floresta Chiquitano foram totalmente queimados na Bolívia entre 18 e 23 de agosto. É mais floresta do que normalmente é destruída em todo o país em dois anos.
Especialistas dizem que levará pelo menos dois séculos para consertar os danos ecológicos causados pelos incêndios, enquanto pelo menos 500 espécies estão em risco devido às chamas.
A floresta seca de Chiquitano, na Bolívia, era a maior floresta seca tropical saudável do mundo. Agora não está claro se vai manter esse status. A floresta é o lar de povos indígenas e de animais selvagens como jaguares, tatus gigantes e antas. Algumas espécies do Chiquitano não são encontradas em nenhum outro lugar na Terra.
Bolivia just lost half a million ha of the unique Chiquitano forest in 5 days. Media is focusing in Brazil, but we need press attention so that the government acts and asks for inter. help. Please report@BBCWorld @guardIaneco @georgeMonbiot @dpcarrington https://t.co/nPmCpANPtQ
— Alfredo Romero (@Alf_RomeroM) August 21, 2019
A região queimada também abrange terras agrícolas e cidades, com milhares de pessoas evacuadas e muitas mais afetadas pela fumaça.
Alimentos e água estão sendo enviados para a região, enquanto as crianças estão sendo mantidas em casa em muitos distritos onde a poluição do ar é o dobro do que é considerado extremo. Muitas famílias ainda estão sem água potável.
Enquanto a mídia se concentra no Brasil, os bolivianos pedem ao mundo para notar sua tragédia – e enviar ajuda para combater as chamas.
Acredita-se que os incêndios foram iniciados deliberadamente para limpar a terra para a agricultura, mas rapidamente as coisas saíram do controle. Os infratores não são conhecidos, mas o presidente da Bolívia, Evo Morales, justificou as pessoas que começaram os incêndios, dizendo: “Se as famílias pequenas não atearem fogo, em que vão viver?”
Thread on the current fires in #Bolivia:
Fires have been used to expand agro-cattle area before, but our current catastrophe stems from the government authorizing further fires on FOREST lands in a new alliance with private sectors who wanted these lands.https://t.co/lfS7btxcNW pic.twitter.com/Ho4AuFm1xZ
— Jhanisse Vaca Daza (@JhanisseVDaza) August 20, 2019
O desastre aconteceu apenas um mês depois que Morales anunciou um novo “decreto supremo” que visa aumentar a produção de carne bovina para exportação.
21 organizações estão pedindo a revogação deste decreto, argumentando que isso ajudou a causar os incêndios e viola as leis ambientais da Bolívia. Autoridades do governo dizem que o fogo é uma atividade normal nesta época do ano e não está ligado ao decreto.
Morales disse repetidamente que a ajuda internacional não é necessária, apesar de ter enviado apenas três helicópteros para combater os incêndios. Ele argumentou que os incêndios estão desaparecendo em algumas áreas – embora continuem a queimar em outras e agora atingiram a maior cidade da Bolívia, Santa Cruz de la Sierra.