Não é da Terra: NASA confirma bactérias inéditas na Estação Espacial Internacional

por Lucas Rabello
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Um inquilino microscópico e potencialmente perigoso foi descoberto a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI). A NASA anunciou a identificação de uma bactéria mutante, a Enterobacter bugandensis, prosperando nas condições extremas do laboratório orbital. Esta descoberta levanta alertas sobre os riscos à saúde das tripulações.

Os cientistas encontraram nada menos que 13 cepas diferentes desta bactéria. Na Terra, a Enterobacter bugandensis é conhecida por causar infecções sanguíneas sérias. Porém, o ambiente único da EEI transformou esses micróbios. Altos níveis de dióxido de carbono e a microgravidade constante atuaram como poderosos agentes de mudança.

Sob essa pressão ambiental, a bactéria sofreu mutações significativas. O resultado mais crítico foi o desenvolvimento de resistência a antibióticos. Isso significa que tratamentos médicos comuns podem se tornar ineficazes caso um astronauta seja infectado.

As consequências potenciais são graves. Cepas mutantes desta bactéria já foram ligadas a casos de sepse (infecção generalizada) em recém-nascidos na Terra. Elas também podem causar infecções fatais, como endocardite – uma inflamação perigosa das válvulas e câmaras internas do coração.

Esta bactéria espacial pertence a um grupo de alto risco chamado ESKAPE. Este acrônimo representa os principais micróbios causadores de infecções hospitalares difíceis de tratar. Além da sepse e da endocardite, a Enterobacter bugandensis está associada a infecções do trato urinário e infecções de pele e tecidos moles.

NASA confirma bactérias inéditas na Estação Espacial Internacional 2

A presença de micróbios na EEI não é novidade. Um estudo em 2019 já mapeou fungos e bactérias no ambiente da estação. A diferença agora é a predominância e o estado mutante desta bactéria específica. Ela não apenas sobreviveu, mas se adaptou e prosperou.

Para entender essa transformação, os pesquisadores realizaram análises profundas. Eles sequenciaram os genomas das bactérias espaciais. Compararam-nas com as versões encontradas na Terra. Estudaram como as funções celulares mudaram. Também mediram a população da bactéria na EEI e investigaram como ela interage com outros microrganismos presentes.

Os resultados foram claros. As cepas da EEI tornaram-se geneticamente diferentes das suas parentes terrestres. Elas também adquiriram novas funcionalidades. Mais preocupante: essas bactérias mutantes não só sobrevivem como persistem em grandes quantidades ao longo do tempo na estação.

Uma descoberta crucial foi a quantidade de genes. As versões espaciais da Enterobacter bugandensis apresentam um número significativamente maior de genes do que as terrestres. Os cientistas acreditam que esses genes extras são a chave da resistência a múltiplos medicamentos.

O ambiente hostil da EEI forçou essa adaptação radical. A microgravidade constante, a intensa radiação cósmica e os níveis elevados de dióxido de carbono criaram uma pressão evolutiva única. Fatores como os sistemas de ventilação, a umidade controlada e a pressão do ar também podem ter influenciado o desenvolvimento e a proliferação destes microrbios resistentes.

A NASA ressalta a necessidade vital de compreender como os microrganismos evoluem em ambientes fechados e extremos como a EEI. Entender essas mutações espaciais é fundamental. Este conhecimento direciona o desenvolvimento de novas estratégias para proteger a saúde dos astronautas durante missões de longa duração na órbita terrestre e, futuramente, em viagens mais profundas no espaço.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.
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