Mulher totalmente paralisada compartilha os principais efeitos do implante cerebral Neuralink de Elon Musk

por Lucas Rabello
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Audrey Crews, uma mulher de Louisiana, nos Estados Unidos, viveu uma experiência que muitos considerariam ficção científica. Após um grave acidente de carro aos 16 anos, que danificou suas vértebras C4 e C5 no pescoço, Audrey ficou completamente paralisada, sem qualquer sensação nos braços e pernas.

Por vinte anos, sua capacidade de interagir diretamente com o mundo ficou severamente limitada. Agora, graças a um pequeno implante cerebral, ela recuperou uma forma de controle inédita nesse período.

Audrey Crews compartilhou seu progresso com o Neuralink no X (X/@NeuraNova9)

Audrey Crews compartilhou seu progresso com o Neuralink no X (X/@NeuraNova9)

A chave para essa mudança é a Neuralink, empresa cofundada por Elon Musk em 2016, focada em desenvolver interfaces cérebro-máquina. O dispositivo em questão, chamado N1, é um chip minúsculo, aproximadamente do tamanho de uma moeda de 25 centavos.

Ele foi implantado cirurgicamente no crânio de Audrey na semana passada, em um procedimento realizado no Centro de Saúde da Universidade de Miami. Durante a cirurgia, uma pequena abertura foi feita no crânio e 128 microeletrodos, finíssimos como fios, foram inseridos em seu córtex motor – a região do cérebro responsável pelo planejamento e execução dos movimentos voluntários.

Este implante funciona como um tradutor neural. Ele detecta os sinais elétricos gerados pelos neurônios quando Audrey pensa em realizar um movimento, como mover um cursor na tela. Esses sinais são captados pelos eletrodos, processados pelo chip e então transmitidos de forma totalmente sem fio, via tecnologia semelhante ao Bluetooth, para um dispositivo receptor externo conectado a um computador. O resultado? Audrey pode agora controlar o cursor do computador apenas com a força do pensamento.

Audrey, que é totalmente paralisada, agora consegue usar a mente para desenhar imagens e textos (X/@NeuraNova9)

Audrey, que é totalmente paralisada, agora consegue usar a mente para desenhar imagens e textos (X/@NeuraNova9)

Ela mesma demonstrou essa nova habilidade de forma contundente. Em sua conta no X (antigo Twitter), Audrey compartilhou imagens de desenhos digitais que criou usando apenas sua mente.

Entre eles, estava seu nome escrito com destreza e até um desenho de um gato chamado Ellie. “A IMC [Interface Cérebro-Máquina] me permite controlar meu computador usando minha mente”, explicou Audrey, visivelmente entusiasmada com os resultados iniciais. “Tive a cirurgia na semana passada e tudo está indo incrivelmente bem”, relatou, elogiando a equipe médica que a tratou “como uma VIP”.

Audrey é a segunda pessoa conhecida publicamente a receber o implante da Neuralink, mas a primeira mulher no mundo a testar essa tecnologia específica. O pioneiro foi Noland Arbaugh, um homem paralisado abaixo dos ombros após um acidente de mergulho em 2016. Assim como Audrey, Arbaugh ganhou a capacidade de controlar um cursor de computador mentalmente, abrindo portas para comunicação, entretenimento e maior autonomia digital.

Noland Arbaugh tornou-se a primeira pessoa a usar o chip Neuralink de Elon Musk (ABC)

Noland Arbaugh tornou-se a primeira pessoa a usar o chip Neuralink de Elon Musk (ABC)

É importante entender o que o N1 pode e, por enquanto, não pode fazer. Audrey foi clara ao afirmar: “O implante não me permitirá andar novamente ou recuperar os movimentos”. O foco atual da tecnologia é estritamente na comunicação homem-máquina, descrita por ela como “telepatia” com dispositivos eletrônicos. “Conseguirei controlar mais dispositivos eletrônicos em um futuro próximo”, complementou, indicando o potencial de expansão da interface.

A conquista de Audrey chamou a atenção do próprio Elon Musk, que comentou sobre sua história no X: “Ela está controlando seu computador apenas pensando. A maioria das pessoas não percebe que isso é possível”. Este avanço ocorre num momento significativo para a Neuralink.

Em maio, a empresa anunciou ter recebido autorização da agência reguladora americana (FDA) para iniciar ensaios clínicos focados em “restaurar a comunicação para indivíduos com deficiência severa de fala”.

Isso inclui pessoas afetadas por condições como Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), acidente vascular cerebral (AVC), lesão medular, paralisia cerebral e esclerose múltipla. O caso de Audrey Crews oferece um vislumbre prático e emocionante do potencial dessa tecnologia para transformar vidas afetadas por limitações físicas severas.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.
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