O LSD é um droga amplamente utilizada com fins recreativos, e que pode ter efeitos devastadores. Entretanto, ao longo do tempo a comunidade médica passou a olhar com certa atenção para a possibilidade do LSD ser utilizado de forma medicinal para tratar certas condições. Entre elas, a depressão, o transtorno bipolar, a dependência de outros químicos, entre outros distúrbios. Por conta deste interesse moderno na droga, vários estudos antigos passaram a ser revistos por cientistas, com o intuito de analisar como a microdosagem do LSD poderia ser útil nesses casos.
Um desses casos, publicado no Journal of Studies on Alcohol and Drugs, dos EUA, trata sobre uma garota de 15 anos que acabou ingerindo 1000mcg de LSD na forma líquida no ano 2000, depois de consumir um copo de bebida alcoólica “batizada”. A ideia inicial, no entanto, era de consumir “apenas” 100 mcg, mas um erro do fornecedor acabou por aumentar a dosagem em dez vezes. De acordo com as informações do estudo, a garota passou 6 horas e meia com um comportamento irregular, no que é conhecido como uma “bad trip”, e segundo relatos de testemunhas ainda teve uma convulsão no final. Entretanto, ainda no hospital, a garota afirmou aos médicos que estava sentindo-se melhor em relação aos sintomas do seu transtorno bipolar. A garota passou a ser acompanhada de perto pelos médicos desde então, e durante os próximos 13 anos não teve sinais de piora em seu quadro psiquiátrico, até que teve um quadro de depressão pós-parto depois do nascimento do seu filho.

Mas o caso que mais levanta curiosidade é o de uma outra mulher, de aproximadamente 40 anos de idade, que acidentalmente ingeriu 55 miligramas de LSD, pensando se tratar de cocaína. Em outras palavras, ela ingeriu uma quantidade 550 vezes maior do que a dose usual para finalidades recreativas.
De acordo com os relatórios médicos, ela conseguiu ligar para a emergência, e enfrentou um sério quadro de vômito, até que acabou desmaiando. Seu companheiro de quarto disse que na época que a mulher passou uma grande parte do tempo sentada em uma cadeira, emitindo sons estranhos pela boca e eventualmente vocalizando algumas palavras. Ela só voltou a conversar de forma consciente após aproximadamente 10 horas.
O curioso, neste caso, é que a mulher fazia uso de morfina antes do episódio, para controlar uma dor crônica no pé. Após a superdosagem, ela afirmou que as dores haviam diminuído bastante. Mesmo tendo que retomar o tratamento com a morfina, a dosagem do medicamento foi reduzido após o incidente com o LSD, sem nenhum efeito negativo para a paciente.
Apesar dos aparentes efeitos positivos (possivelmente encontrados em meio a outros tantos negativos), vale ressaltar que de forma alguma os incidentes devem ser recriados. Jamais tente isso em casa. Futuros estudos e experimentos envolvendo microdosagens seguras da substância devem ser realizados apenas em ambientes controlados e cientificamente válidos.