Um curioso estudo publicado em 2018 traz detalhes sobre uma descoberta arqueológica bastante excêntrica. Trata-se de um túmulo de pedra encontrado na Itália, pertencente a algum momento entre o século 7 e 8. Dentro do túmulo, foram encontrados os restos mortais de uma mulher e um bebê.
Divulgação/ World Neurosurgery
Até aí tudo bem, mas o que realmente chama atenção sobre esta descoberta é que ao que tudo indica a mulher deu à luz depois de ter sido sepultada. Segundo o estudo publicado na ‘World Neurosurgery’, que foi também mencionado na Forbes, o parto ocorreu dentro do túmulo. Para chegar nesta conclusão, os cientistas levaram em conta o posicionamento dos ossos do feto, que obviamente veio ao mundo morto.
O estudo explica que a mulher, depois de ter sido enterrada, teve um parto parcial, fazendo com que a parte superior do feto tenha sido expelida para fora do corpo da mãe. As pernas do bebê, no entanto, permaneceram dentro da mulher. Segundo os pesquisadores, a gravidez provavelmente já era avançada na hora do sepultamento, e deveria estar na casa das 38 semanas. Isso fica claro, segundo eles, por conta do comprimento dos ossos da coxa do bebê.
Divulgação/ World Surgery
“O colo do útero não deve ter relaxado com a morte, mesmo depois do desaparecimento do rigor mortis. Suspeito que o que aconteceu é que a pressão dos gases do corpo aumentou, e o feto morto foi liberado por meio de uma ruptura. Basicamente foi aberto um buraco através do útero até a vagina, já que ela é muito mais fina que o colo do útero”, disse a ginecologista Jen Gunter, de São Francisco, em uma tentativa de explicar o que pode ter acontecido.
Outro fator curioso sobre esta descoberta é a existência de uma lesão na região da testa da mulher. Segundo os especialistas, este tipo de lesão é típica de um procedimento cirúrgico medieval conhecido como ‘trepanação’. Esta cirurgia, tão assustadora quanto o seu nome, consistia na abertura de furos na cabeça do paciente, com o intuito de tentar tratar casos de hipertensão.
Crédito: Divulgação/ Wikimedia Commons
“Como a trepanação já foi utilizada com frequência para o tratamento de hipertensão para reduzir a pressão arterial no crânio, acreditamos que esta lesão pode estar ligada ao tratamento de um distúrbio hipertensivo relacionado à gravidez”, escreveram os autores do estudo. Ao que tudo indica, o procedimento cirúrgico não foi capaz de salvar a vida da gestante, que morreu algum tempo depois da cirurgia.
Esta descoberta é particularmente importante pois trata-se de um achado raro e intrigante para a sociedade científica, principalmente no que tange à medicina da época.
Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.