Em uma pequena cidade em Surrey, Inglaterra, um caso trágico veio à tona, revelando as falhas sistêmicas que podem deixar indivíduos vulneráveis isolados e esquecidos. Laura Winham, uma mulher de 38 anos com esquizofrenia e deficiência auditiva, foi encontrada morta em seu apartamento em maio de 2021. A descoberta de seus restos mortais, descritos como “mumificados”, levantou sérias questões sobre a eficácia dos serviços sociais e do apoio à saúde mental no Reino Unido.
O inquérito em andamento sobre a morte de Winham revelou uma série de detalhes perturbadores. Um calendário encontrado em seu apartamento tinha datas riscadas até 1º de novembro de 2017, sugerindo que ela poderia estar morta há mais de três anos antes de seu corpo ser descoberto. O momento exato da morte permanece incerto devido ao avançado estado de decomposição.
A família de Winham tem expressado suas preocupações, alegando que os serviços sociais e de saúde mental não forneceram o apoio adequado. A situação foi complicada pelo afastamento de Winham de seus familiares, pois ela havia cortado contato com eles devido à crença de que eles queriam lhe fazer mal.
O inquérito trouxe à luz entradas comoventes do diário de Winham, oferecendo um vislumbre de seus últimos dias. Em 15 de setembro de 2017, ela escreveu: “Queria ter comprado arroz. Sonhando com [comida]. De qualquer forma, estou morrendo de fome.” Entradas posteriores revelam sua luta com recursos escassos e isolamento. “Meu celular parou de funcionar em 7 de setembro. Fiz uma compra no Tesco antes de ele morrer. Tenho dormido por semanas… Não estoquei comida há meses porque não sei o que está acontecendo,” ela anotou em 28 de setembro de 2017.
O caso levou as autoridades locais a reavaliar seus procedimentos. O Conselho do Condado de Surrey supostamente alterou suas políticas para garantir acompanhamento de correspondências não respondidas. Um representante do Conselho do Distrito de Woking reconheceu que as vulnerabilidades de Winham deveriam ter sido sinalizadas no sistema habitacional.
Dificuldades financeiras parecem ter agravado a situação de Winham. Em fevereiro de 2016, ela informou à autoridade local que estava vivendo apenas de economias e do benefício de Auxílio de Vida para Deficientes. O processo de reaplicação para benefícios, que incluía uma avaliação médica, pode ter apresentado desafios adicionais para alguém em sua condição.
À medida que o inquérito continua, ele serve como um lembrete contundente das lacunas que podem existir nos sistemas de apoio social, particularmente para aqueles que lidam com questões de saúde mental e isolamento. O caso destaca a necessidade de mecanismos mais robustos para identificar e auxiliar indivíduos vulneráveis que podem cair nas brechas das redes de apoio existentes.