Mpox: O que é a doença que virou emergência global?

por Lucas Rabello
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Mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, tornou-se uma preocupação global de saúde nos últimos anos. Este texto visa fornecer informações essenciais sobre a doença, suas origens, sintomas, transmissão, diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção. Ao entender melhor a mpox, todos podemos desempenhar um papel na prevenção da sua disseminação e na proteção de nós mesmos e de nossas comunidades.

Origens e História da Mpox

A mpox foi identificada pela primeira vez em 1958 entre macacos de laboratório, mas o primeiro caso humano não foi relatado até 1970 na República Democrática do Congo. Durante décadas, a doença estava principalmente confinada à África Central e Ocidental, onde era considerada endêmica. No entanto, em 2003, a mpox fez sua primeira aparição fora da África com um surto nos Estados Unidos, ligado a animais importados da África.

O vírus responsável pela mpox pertence à família Orthopoxvirus, a mesma família do vírus da varíola, que agora está erradicado. Embora os macacos estivessem envolvidos na sua descoberta inicial, é importante notar que a origem animal exata do vírus permanece incerta.

Surtos Recentes e Preocupação Global

Nos últimos anos, a mpox ganhou atenção internacional devido a surtos em várias partes do mundo. De janeiro de 2022 a junho de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou 99.176 casos em 116 países, com 208 mortes relatadas. Este aumento nos casos levou a OMS a declarar uma emergência de saúde global, particularmente devido à sua disseminação na África.

As razões por trás desses novos surtos ainda estão sob investigação. Algumas hipóteses incluem possíveis mutações no vírus, diminuição da proteção das vacinas contra a varíola (que foram descontinuadas há cerca de 40 anos) e o surgimento de novos grupos populacionais suscetíveis à doença.

Compreendendo as Variantes da Mpox

Como muitos vírus, a mpox possui diferentes variantes. A OMS identificou duas principais variantes de preocupação:

  • Variante 1b: Prevalente na África Central, com uma taxa de letalidade potencialmente mais alta de até 10% entre as crianças.
  • Variante 2b: A variante que se espalhou globalmente em 2022, com uma taxa de letalidade mais baixa, inferior a 1%.

Reconhecendo os Sintomas

A mpox geralmente começa com sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo febre, fadiga, dor de cabeça e dores musculares. No entanto, o que distingue a mpox é o desenvolvimento de lesões na pele, que geralmente aparecem de 1 a 5 dias após o início da febre. Essas lesões, conhecidas como exantema ou erupção cutânea, tipicamente começam no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo.

As lesões cutâneas passam por várias etapas:

  1. Pápulas (caroços)
  2. Vesículas (bolhas cheias de líquido)
  3. Pústulas (bolhas cheias de pus)
  4. Úlceras
  5. Crostas

Uma pessoa permanece contagiosa até que todas as crostas tenham caído e a pele esteja completamente curada. Casos recentes mostraram algumas apresentações atípicas, como a ausência de sintomas iniciais semelhantes aos da gripe ou manifestações como edema peniano e dor retal intensa.

Transmissão e Fatores de Risco

A mpox não se espalha facilmente entre as pessoas, mas o contato próximo é um fator chave na transmissão. O vírus pode se espalhar através de:

  • Contato direto com animais infectados (principalmente roedores)
  • Contato próximo com indivíduos infectados
  • Contato com objetos contaminados (por exemplo, roupas de cama, toalhas)
  • Gotículas respiratórias de indivíduos infectados

Compreender os níveis de risco em várias atividades diárias é importante. Práticas sexuais, beijos e esportes de contato corpo a corpo apresentam maiores riscos devido ao contato íntimo prolongado. Conversas casuais e encontros breves geralmente apresentam baixo risco. No entanto, em locais lotados, o risco pode aumentar.

Diagnóstico e Testes

Embora o diagnóstico clínico baseado em sintomas seja possível, pode ser facilmente confundido com outras condições, como a catapora. Para um diagnóstico definitivo, é necessário um teste laboratorial específico chamado PCR (RT-PCR ou qPCR). Este teste detecta o vírus nas lesões cutâneas e pode ser realizado em estabelecimentos de saúde públicos e privados.

O teste PCR para mpox difere do teste para COVID-19 em seu método de coleta. Em vez de swabs nasais ou de garganta, o teste para mpox envolve a coleta de amostras das lesões cutâneas características. Este processo pode ser desconfortável devido à dor associada às lesões.

Tratamento e Recuperação

Para a maioria das pessoas, a mpox é uma doença leve que se resolve sozinha dentro de algumas semanas. O tratamento geralmente se concentra no manejo dos sintomas e inclui:

  • Repouso
  • Hidratação oral abundante
  • Medicamentos para reduzir a coceira, febre e dor

Em casos graves ou para indivíduos com alto risco de complicações, medicamentos antivirais como tecovirimat e cidofovir podem ser usados. No entanto, esses medicamentos não estão amplamente disponíveis comercialmente.

Prevenção e Medidas de Proteção

Prevenir a disseminação da mpox envolve várias estratégias-chave:

  • Esteja ciente dos sintomas e procure atendimento médico se estiver preocupado
  • Evite contato próximo com casos infectados ou suspeitos
  • Limite o número de parceiros sexuais
  • Evite compartilhar itens pessoais, como roupas de cama e toalhas
  • Use máscaras em situações de alto risco
  • Cubra braços e pernas em locais lotados
  • Pratique boa higiene das mãos
  • Vacinação e Perspectivas Futuras

A vacina contra a varíola mostrou ser até 85% eficaz contra a mpox devido às semelhanças genéticas entre os vírus. No entanto, a vacinação rotineira contra a varíola terminou há décadas, deixando muitos sem essa proteção.

Uma vacina específica para mpox, conhecida como Jynneos (também chamada de Imvamune ou Imvanex), foi desenvolvida e está sendo usada em vários países para conter surtos. Esta vacina usa uma forma enfraquecida do vírus vaccinia e requer duas doses administradas com quatro semanas de intervalo.

Conclusão

Embora a mpox tenha se tornado uma preocupação global de saúde, compreender a doença e tomar precauções adequadas pode reduzir significativamente sua disseminação. Ao manter-se informado, reconhecer os sintomas precocemente e seguir medidas preventivas, todos podemos contribuir para controlar essa ameaça emergente à saúde. Lembre-se, qualquer pessoa pode contrair a mpox, por isso é crucial evitar a estigmatização e apoiar aqueles afetados pela doença. À medida que a pesquisa continua e mais recursos são alocados para combater a mpox, podemos esperar por melhores tratamentos, maior disponibilidade de vacinas e, eventualmente, controle sobre este vírus desafiador.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.