Mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, tornou-se uma preocupação global de saúde nos últimos anos. Este texto visa fornecer informações essenciais sobre a doença, suas origens, sintomas, transmissão, diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção. Ao entender melhor a mpox, todos podemos desempenhar um papel na prevenção da sua disseminação e na proteção de nós mesmos e de nossas comunidades.
Origens e História da Mpox
A mpox foi identificada pela primeira vez em 1958 entre macacos de laboratório, mas o primeiro caso humano não foi relatado até 1970 na República Democrática do Congo. Durante décadas, a doença estava principalmente confinada à África Central e Ocidental, onde era considerada endêmica. No entanto, em 2003, a mpox fez sua primeira aparição fora da África com um surto nos Estados Unidos, ligado a animais importados da África.
O vírus responsável pela mpox pertence à família Orthopoxvirus, a mesma família do vírus da varíola, que agora está erradicado. Embora os macacos estivessem envolvidos na sua descoberta inicial, é importante notar que a origem animal exata do vírus permanece incerta.
Surtos Recentes e Preocupação Global
Nos últimos anos, a mpox ganhou atenção internacional devido a surtos em várias partes do mundo. De janeiro de 2022 a junho de 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou 99.176 casos em 116 países, com 208 mortes relatadas. Este aumento nos casos levou a OMS a declarar uma emergência de saúde global, particularmente devido à sua disseminação na África.
As razões por trás desses novos surtos ainda estão sob investigação. Algumas hipóteses incluem possíveis mutações no vírus, diminuição da proteção das vacinas contra a varíola (que foram descontinuadas há cerca de 40 anos) e o surgimento de novos grupos populacionais suscetíveis à doença.
Compreendendo as Variantes da Mpox
Como muitos vírus, a mpox possui diferentes variantes. A OMS identificou duas principais variantes de preocupação:
- Variante 1b: Prevalente na África Central, com uma taxa de letalidade potencialmente mais alta de até 10% entre as crianças.
- Variante 2b: A variante que se espalhou globalmente em 2022, com uma taxa de letalidade mais baixa, inferior a 1%.
Reconhecendo os Sintomas
A mpox geralmente começa com sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo febre, fadiga, dor de cabeça e dores musculares. No entanto, o que distingue a mpox é o desenvolvimento de lesões na pele, que geralmente aparecem de 1 a 5 dias após o início da febre. Essas lesões, conhecidas como exantema ou erupção cutânea, tipicamente começam no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo.
As lesões cutâneas passam por várias etapas:
- Pápulas (caroços)
- Vesículas (bolhas cheias de líquido)
- Pústulas (bolhas cheias de pus)
- Úlceras
- Crostas
Uma pessoa permanece contagiosa até que todas as crostas tenham caído e a pele esteja completamente curada. Casos recentes mostraram algumas apresentações atípicas, como a ausência de sintomas iniciais semelhantes aos da gripe ou manifestações como edema peniano e dor retal intensa.
Transmissão e Fatores de Risco
A mpox não se espalha facilmente entre as pessoas, mas o contato próximo é um fator chave na transmissão. O vírus pode se espalhar através de:
- Contato direto com animais infectados (principalmente roedores)
- Contato próximo com indivíduos infectados
- Contato com objetos contaminados (por exemplo, roupas de cama, toalhas)
- Gotículas respiratórias de indivíduos infectados
Compreender os níveis de risco em várias atividades diárias é importante. Práticas sexuais, beijos e esportes de contato corpo a corpo apresentam maiores riscos devido ao contato íntimo prolongado. Conversas casuais e encontros breves geralmente apresentam baixo risco. No entanto, em locais lotados, o risco pode aumentar.
Diagnóstico e Testes
Embora o diagnóstico clínico baseado em sintomas seja possível, pode ser facilmente confundido com outras condições, como a catapora. Para um diagnóstico definitivo, é necessário um teste laboratorial específico chamado PCR (RT-PCR ou qPCR). Este teste detecta o vírus nas lesões cutâneas e pode ser realizado em estabelecimentos de saúde públicos e privados.
O teste PCR para mpox difere do teste para COVID-19 em seu método de coleta. Em vez de swabs nasais ou de garganta, o teste para mpox envolve a coleta de amostras das lesões cutâneas características. Este processo pode ser desconfortável devido à dor associada às lesões.
Tratamento e Recuperação
Para a maioria das pessoas, a mpox é uma doença leve que se resolve sozinha dentro de algumas semanas. O tratamento geralmente se concentra no manejo dos sintomas e inclui:
- Repouso
- Hidratação oral abundante
- Medicamentos para reduzir a coceira, febre e dor
Em casos graves ou para indivíduos com alto risco de complicações, medicamentos antivirais como tecovirimat e cidofovir podem ser usados. No entanto, esses medicamentos não estão amplamente disponíveis comercialmente.
Prevenção e Medidas de Proteção
Prevenir a disseminação da mpox envolve várias estratégias-chave:
- Esteja ciente dos sintomas e procure atendimento médico se estiver preocupado
- Evite contato próximo com casos infectados ou suspeitos
- Limite o número de parceiros sexuais
- Evite compartilhar itens pessoais, como roupas de cama e toalhas
- Use máscaras em situações de alto risco
- Cubra braços e pernas em locais lotados
- Pratique boa higiene das mãos
- Vacinação e Perspectivas Futuras
A vacina contra a varíola mostrou ser até 85% eficaz contra a mpox devido às semelhanças genéticas entre os vírus. No entanto, a vacinação rotineira contra a varíola terminou há décadas, deixando muitos sem essa proteção.
Uma vacina específica para mpox, conhecida como Jynneos (também chamada de Imvamune ou Imvanex), foi desenvolvida e está sendo usada em vários países para conter surtos. Esta vacina usa uma forma enfraquecida do vírus vaccinia e requer duas doses administradas com quatro semanas de intervalo.
Conclusão
Embora a mpox tenha se tornado uma preocupação global de saúde, compreender a doença e tomar precauções adequadas pode reduzir significativamente sua disseminação. Ao manter-se informado, reconhecer os sintomas precocemente e seguir medidas preventivas, todos podemos contribuir para controlar essa ameaça emergente à saúde. Lembre-se, qualquer pessoa pode contrair a mpox, por isso é crucial evitar a estigmatização e apoiar aqueles afetados pela doença. À medida que a pesquisa continua e mais recursos são alocados para combater a mpox, podemos esperar por melhores tratamentos, maior disponibilidade de vacinas e, eventualmente, controle sobre este vírus desafiador.