A música e a cultura brasileira perderam uma voz vibrante. Preta Gil, filha do lendário Gilberto Gil e artista por direito próprio, faleceu no último domingo, 20 de julho, aos 50 anos. A causa foi complicações relacionadas ao tratamento de um câncer que ela enfrentava com coragem há mais de um ano e meio. O falecimento ocorreu nos Estados Unidos, onde ela buscava novas alternativas contra a doença.
A notícia foi confirmada pela assessoria da artista, que informou que a família deve divulgar um posicionamento oficial em breve. Amigos próximos e seu filho, Francisco, já estavam ao seu lado nos Estados Unidos.
A atriz Carolina Dieckmann, grande amiga de Preta, inclusive conseguiu uma pausa nas gravações de sua novela para viajar e estar com ela, demonstrando a força dos laços que cercavam a cantora. O impacto da perda foi imediato e profundo, com relatos de que seu pai, Gilberto Gil, sofreu um pico de pressão arterial ao receber a notícia.
Tudo começou em janeiro de 2023, quando Preta Gil compartilhou publicamente o diagnóstico de um câncer no intestino. O tipo específico era um adenocarcinoma, um tumor maligno que afeta partes do sistema digestivo. Imediatamente, ela iniciou um tratamento intensivo. Essa jornada foi marcada por desafios significativos desde o início.
Logo em março de 2023, durante o quinto ciclo de quimioterapia, ela enfrentou um episódio grave de sepse, uma resposta extrema do corpo a uma infecção. Preta relatou ter perdido a consciência por quatro horas e permaneceu 20 dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Em agosto de 2023, um passo importante foi dado: Preta passou por uma cirurgia para remover o tumor, procedimento que incluiu uma histerectomia total abdominal. Três meses depois, em novembro, ela realizou outra cirurgia, dessa vez para reconstruir parte do trato intestinal.
Esses procedimentos agressivos pareciam trazer um alento. Em dezembro de 2023, com grande alívio e esperança, Preta anunciou o fim do tratamento ativo contra o câncer, planejando seguir apenas com acompanhamento médico e reabilitação.
Infelizmente, a trégua foi curta. Em agosto de 2024, Preta Gil comunicou que o câncer havia retornado e, desta vez, atingido outras regiões do corpo. A resposta médica foi novamente cirúrgica e radical: em setembro do mesmo ano, ela passou por uma amputação do reto como parte do combate à doença. Novos contratempos surgiram em novembro, quando uma cirurgia de emergência foi necessária para resolver um problema com o cateter que auxiliava o fluxo urinário.
Diante da persistência da doença e esgotadas as opções convencionais no Brasil, Preta Gil decidiu buscar tratamentos alternativos nos Estados Unidos, também em novembro de 2024. A luta se intensificou ainda mais em dezembro, quando ela passou por uma exaustiva cirurgia de 21 horas para remover tumores de quatro locais diferentes do corpo. Como consequência desse procedimento complexo, Preta revelou em janeiro de 2025 que precisaria usar uma bolsa de colostomia de forma definitiva.
Os últimos meses foram de extrema dificuldade. Após a longa cirurgia de dezembro, Preta permaneceu internada por dois meses, recebendo alta apenas em 11 de fevereiro de 2025, momento celebrado por seus entes queridos. Porém, a fragilidade de sua saúde persistiu. Em março de 2025, uma infecção urinária a levou novamente à UTI, dessa vez em Salvador, na Bahia.
Em abril, nova internação ocorreu no Rio de Janeiro para realização de exames e administração de medicamentos. Em maio, mais uma hospitalização foi necessária para dar continuidade ao tratamento. Logo após, ela embarcou mais uma vez para os Estados Unidos, buscando desesperadamente novas possibilidades terapêuticas.
Foi durante essa última fase de tratamento nos Estados Unidos que seu estado de saúde se agravou significativamente a partir da última quarta-feira, 16 de julho, após sentir-se mal durante uma sessão de quimioterapia.
Os médicos constataram que a doença havia progredido de forma extensa. A piora culminou em seu falecimento no domingo, 20 de julho. Preta Gil deixa um legado artístico e a imagem de uma guerreira incansável que enfrentou sua doença com uma força que inspirou muitos.