Em meio às águas azuis da costa da Região Norte de Queensland, na Australia, encontra-se a Ilha da Restauração, um refúgio isolado onde David Glasheen, um ex-corretor de ações milionário de 78 anos, passou mais de duas décadas em exílio voluntário.
A história de David lembra a de Robinson Crusoé; entretanto, foi o devastador crash da “Terça-feira Negra” de 1987 que o levou a abandonar sua vida opulenta em Sydney, Austrália, pela beleza selvagem da Península de Cape York. Afinal, ele perdeu praticamente todo o dinheiro que tinha.
Ao se aproximar dos 80 anos, David se torna cada vez mais consciente dos riscos inerentes à sua existência solitária. O passar dos anos causou mudanças em seu corpo outrora vigoroso, e a possibilidade de sua saúde deteriorar-se ainda mais paira no ar.
Um quadril quebrado e um desmaio servem como lembretes contundentes de sua vulnerabilidade e do isolamento que define sua vida. Desejando companhia para compartilhar seu estilo de vida recluso, David procurou, embora sem sucesso, encontrar outros dispostos a abraçar a mudança radical de ritmo que a vida na Ilha da Restauração exige.
Embora incapaz de oferecer um salário integral, David imagina um casal de meia-idade habilidoso como companheiros ideais, que, em troca de sua assistência, receberiam estipêndios. A perspectiva de retornar ao continente depois de um quarto de século em isolamento é impensável para ele. De fato, ele se deleita em seu desapego do mundo, observando que mesmo a pandemia da COVID não afetou sua vida.
A mudança inicial de David para a ilha foi marcada pela simplicidade de seus pertences: três camisas, dois pares de shorts, uma lanterna, um frasco de pó de pimenta, livros e itens básicos de higiene dental. Com o tempo, ele adquiriu uma conexão solar à internet, mais livros e duas manequins femininas, Miranda e Phyllis, para amenizar sua solidão.
A cada ano, David embarca em uma arriscada busca por mantimentos em Cairns, navegando pelas águas em um pequeno bote para reabastecer seu suprimento de alimentos enlatados e secos. Embora essas provisões sejam essenciais, ele também depende muito de suas habilidades de caçador-coletor, colhendo cerejas do mato, ameixas wongai, alcaparras nativas, cocos e amêndoas ácidas da praia. Seus dias são passados em um mundo que lembra um Parque Jurássico da vida real.
Refletindo sobre sua vida anterior na cidade, David acredita ter descoberto a causa das dificuldades dos habitantes urbanos. Ele agora deseja ter nascido na natureza, evitando as expectativas sociais que muitas vezes resultam em casamentos fracassados, famílias desfeitas e disfunção generalizada. Em seu livro, “The Millionaire’s Castaway“, David relata como a Ilha da Restauração proporcionou a ele um senso de realização e propósito que a rique