Médicos alertam sobre danos permanentes causados por nova tendência que deixa pessoas parecendo répteis

por Lucas Rabello
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No universo dos procedimentos estéticos, a mesoterapia tem ganhado destaque como uma técnica não cirúrgica que promete melhorar a aparência de várias áreas do corpo. O tratamento consiste em injeções de uma mistura de vitaminas, enzimas, hormônios e extratos vegetais aplicadas na camada média da pele, utilizando agulhas finas.

Essa técnica é usada em regiões como rosto, pescoço, mãos, linha do cabelo, abdômen e colo (décote). Recentemente, a mesoterapia tem sido procurada para tratar olheiras e bolsas abaixo dos olhos, embora especialistas questionem sua eficácia.

Preocupações com a Segurança e Perspectivas Médicas da Mesoterapia

Especialistas em saúde têm levantado sérias preocupações sobre a segurança e confiabilidade da mesoterapia. De acordo com a Academia Internacional de Dermatologia Cosmética, a distribuição irregular dos líquidos injetados pode causar caroços e protuberâncias sob a pele, gerando uma aparência que alguns descrevem como “reptiliana”.

A dermatologista Viktoryia Kazlouskaya também alerta para riscos mais graves, como infecções, necrose de tecidos, hematomas prolongados, reações alérgicas severas e até danos permanentes aos olhos. Esses riscos são especialmente alarmantes quando o procedimento é realizado na delicada área dos olhos.

Profissionais de saúde destacaram os efeitos colaterais da mesoterapia

Profissionais de saúde destacaram os efeitos colaterais da mesoterapia

Falta de Regulação da Mesoterapia e Padrões Profissionais

Diferente de tratamentos injetáveis regulamentados como o Botox, a mesoterapia apresenta desafios únicos em termos de padronização e supervisão. Um dos principais problemas é que os profissionais preparam suas próprias misturas de substâncias injetáveis, o que significa que esses produtos não passam por testes ou aprovações regulatórias.

A Dra. Kazlouskaya destaca que a ausência de supervisão regulatória nos Estados Unidos pode expor os pacientes a produtos falsificados ou não verificados. Já o cirurgião plástico Dr. Tripathi, da Califórnia, alerta que profissionais inexperientes podem causar resultados insatisfatórios. Ele afirma: “Se alguém busca uma solução para as bolsas nos olhos, o tratamento precisa ser ajustado à anatomia específica de cada paciente. Nem todas as bolsas são iguais.”

O Crescimento dos Procedimentos Não Cirúrgicos

Os procedimentos estéticos não cirúrgicos continuam a crescer em popularidade. Segundo o Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), mais de 19,1 milhões desses procedimentos foram realizados em todo o mundo em 2023. O Botox liderou a lista dos tratamentos mais populares, seguido por ácido hialurônico, remoção de pelos e peelings químicos.

A mesoterapia também tem ganhado espaço, especialmente nos Estados Unidos. No entanto, dermatologistas como Dra. Hannah Kopelman ressaltam a importância de entender os riscos e buscar alternativas baseadas em evidências científicas. A Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos adota uma postura cautelosa, especialmente quanto ao uso da mesoterapia para remover gordura, citando a falta de pesquisas que comprovem sua eficácia.

Um especialista brincou: "nem todas as bolsas nos olhos são iguais"

Um especialista brincou: “nem todas as bolsas nos olhos são iguais”

Alternativas à Mesoterapia para Tratar Olheiras e Bolsas nos Olhos

Para quem busca reduzir olheiras e bolsas nos olhos, os especialistas sugerem alternativas mais seguras e naturais. A Cleveland Clinic recomenda mudanças no estilo de vida, como melhorar a qualidade do sono, elevar a cabeça ao dormir e aplicar fatias de pepino nos olhos.

Já a Mayo Clinic sugere reduzir o consumo de líquidos antes de dormir e usar compressas frias para diminuir o inchaço ao redor dos olhos. Essas abordagens conservadoras são mais seguras e podem ser eficazes para quem deseja evitar os riscos associados à mesoterapia.

Conclusão

A comunidade médica continua monitorando o desenvolvimento e a aplicação da mesoterapia, com muitos profissionais defendendo uma maior supervisão regulatória e padronização do procedimento.

O aumento no número de complicações relatadas reforça a necessidade de cautela e de consultas detalhadas com profissionais de saúde qualificados antes de optar por esse tratamento. A abordagem da Dra. Kopelman enfatiza a importância de identificar as causas subjacentes das olheiras e bolsas e de escolher tratamentos baseados em evidências que ofereçam resultados previsíveis e seguros.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.