Em setembro de 2012, o que começou como uma operação rotineira de reparo subaquático no Campo de Petróleo de Huntington transformou-se em uma história de sobrevivência sem precedentes. Três mergulhadores profissionais – Chris Lemons, Dave Youasa e Duncan Allcock – desceram 91 metros abaixo da superfície a partir do navio de apoio Bibby Topaz para realizar a manutenção de uma estrutura submarina. As condições meteorológicas, desafiadoras com ventos de 35 nós (aproximadamente 65 km/h), eram consideradas normais para o Mar do Norte naquela época do ano.
A situação piorou quando o sistema de posicionamento dinâmico do navio falhou. Esse sistema, projetado para manter a posição do navio sem o uso de âncoras, apresentou uma pane enquanto os mergulhadores trabalhavam no leito marinho. Por meio do sistema de comunicação, o supervisor de mergulho, Craig, alertou urgentemente a equipe, instruindo-os a retornar imediatamente à câmara de mergulho.
A Luta Contra o Tempo na Escuridão Completa
(Dogwoof/Last Breath)
As consequências do deslocamento do navio foram catastróficas para Chris Lemons. Seu cabo umbilical – um equipamento vital que fornecia oxigênio, comunicação, calor e luz – ficou preso na estrutura metálica que estavam reparando. A imensa força do navio de 8.000 toneladas se afastando fez com que o cabo se rompesse. Em questão de segundos, Lemons se viu isolado no fundo do mar, dependendo exclusivamente de seu suprimento de emergência de ar.
Na escuridão total, a quase 100 metros de profundidade, Lemons conseguiu localizar e escalar a estrutura na qual estava trabalhando. No entanto, ele rapidamente calculou que seu suprimento de ar de emergência duraria apenas cerca de cinco a seis minutos devido à profundidade extrema. A alta pressão a essa profundidade fazia com que o consumo de gás fosse significativamente maior do que em águas rasas.
A Sobrevivência Inesperada
O mergulhador explicou que decidiu aceitar seu destino trágico (Dogwoof).
O que aconteceu a seguir desafiou o entendimento médico. Lemons permaneceu inconsciente no fundo do mar por mais de 35 minutos – muito além do tempo de sobrevivência esperado, considerando seu suprimento limitado de ar de emergência. Quando a equipe de resgate finalmente o localizou usando um veículo subaquático remoto, ficaram surpresos ao vê-lo dando sinais de vida, acenando por ajuda.
A operação de resgate foi bem-sucedida quando Youasa e Allcock alcançaram seu colega e o transportaram para a câmara de mergulho. Apesar do longo período sem um fornecimento adequado de oxigênio – uma situação que normalmente causa danos cerebrais graves – Lemons emergiu do incidente sem nenhuma sequela em sua saúde.
A Explicação Científica e o Retorno ao Mergulho
Especialistas médicos atribuem a sobrevivência de Lemons a dois fatores principais. Primeiro, as águas extremamente frias do Mar do Norte provavelmente desaceleraram suas funções corporais, reduzindo suas necessidades de oxigênio. Segundo, o gás respiratório especializado usado em mergulhos profundos, que contém uma concentração maior de oxigênio do que o ar comum, saturou seus tecidos e células, criando uma reserva que o sustentou durante a crise.
O incidente, mais tarde documentado no filme de 2019 “Fôlego Suspenso” (Last Breath), demonstra a natureza imprevisível das operações em águas profundas e a importância dos protocolos de emergência. Apesar dessa experiência quase fatal, Lemons voltou a mergulhar apenas três semanas depois, reunindo-se com seus colegas Youasa e Allcock nas mesmas águas onde quase perdeu a vida.
O evento tornou-se um estudo de caso significativo em segurança no mergulho e sobrevivência humana em condições extremas. Ele destacou tanto os riscos inerentes às operações em águas profundas quanto a eficácia dos equipamentos modernos de mergulho e dos procedimentos de resgate. O incidente também resultou em melhorias nas medidas de segurança e nos protocolos de resposta a emergências na indústria de mergulho comercial.
