Em um aparentemente comum dia de primavera em 1991, a Coreia do Sul foi abalada por uma tragédia que assombraria a nação por décadas. Cinco jovens meninos, conhecidos como “os Meninos-Sapo”, desapareceram sem deixar rastros, deixando suas famílias e todo o país procurando respostas. Esta é a história de um crime que permanece sem solução até hoje, um conto de inocência perdida e justiça adiada.
Um Dia Festivo que se Tornou Sombrio
26 de março de 1991 deveria ser um dia de celebração na Coreia do Sul. O país estava realizando suas primeiras eleições locais desde o fim da ditadura militar, marcando um passo significativo em direção à democracia. Para as crianças em idade escolar, isso significava um dia de folga das aulas, uma oportunidade para brincar e explorar. Cinco meninos da Escola Primária Seongseo – U Cheol-won (13 anos), Jo Ho-yeon (12), Kim Yeonggyu (11), Park Chan-in (10) e Kim Jong-sik (9) – decidiram passar o feriado pegando sapos no Monte Wayong, perto de suas casas.
Com o cair da noite, as famílias dos meninos começaram a se preocupar quando seus filhos não voltaram. O que começou como preocupação rapidamente se transformou em pânico, pois as buscas não deram resultados. O desaparecimento dos Meninos-Sapo logo capturou a atenção nacional, levando a uma das maiores operações de busca na história da Coreia do Sul.
Uma Nação se Mobiliza
A escala da operação de busca foi sem precedentes. O presidente Roh Tae-woo ordenou que 300.000 policiais e soldados vasculhassem a área. Reservatórios foram esvaziados, canais de irrigação foram revistados e cada terminal de ônibus e estação de trem foi verificado. O público, comovido pelos apelos das famílias na televisão nacional, contribuiu para um fundo de recompensa que cresceu para 42 milhões de won (aproximadamente R$ 200.000 na época).
Apesar desses esforços, a investigação foi marcada por erros e pistas falsas. Rumores circulavam, alguns apontando para uma pessoa com doença mental como culpada, enquanto outros cruelmente acusavam um dos pais. O impacto sobre as famílias foi imenso. Kim Cheol-gyu, pai do menino mais novo, morreu de câncer cinco anos depois, seus últimos anos marcados por falsas acusações e uma dor inimaginável.
Uma Descoberta Sombria e Perguntas Persistentes
Não foi até 26 de setembro de 2002 – mais de 11 anos após o desaparecimento – que o mistério tomou um rumo sombrio. Um coletor de bolotas encontrou os restos mortais dos meninos no Monte Wayong, a apenas dois quilômetros de suas casas. A descoberta deveria ter trazido um encerramento, mas, em vez disso, levantou mais perguntas.
O tratamento da cena do crime pela polícia foi criticado como não profissional. Eles perturbaram o local antes que os especialistas forenses chegassem, potencialmente comprometendo evidências cruciais. Apesar desse contratempo, a análise forense revelou sinais de crime. Três dos cinco crânios mostraram marcas consistentes com golpes de objetos metálicos, contrariando as teorias iniciais da polícia de morte acidental.
A presença de balas militares no local levou à especulação sobre o envolvimento de um soldado. Alguns especialistas teorizaram que os meninos poderiam ter testemunhado algo por acidente em um campo de tiro próximo, levando ao seu assassinato. No entanto, a cena do crime perturbada tornou impossível confirmar essa ou qualquer outra teoria de forma conclusiva.
Hoje, o caso dos Meninos-Sapo permanece um dos crimes não resolvidos mais infames da Coreia do Sul. Embora o estatuto de limitações para homicídio tenha sido revogado, permitindo a acusação se novas evidências surgirem, as famílias de U Cheol-won, Jo Ho-yeon, Kim Yeonggyu, Park Chan-in e Kim Jong-sik ainda aguardam respostas e justiça.