Uma imagem de tomografia computadorizada viralizou nas redes sociais e deixou milhares de pessoas perplexas. O exame mostrava o corpo de uma menina de 10 anos infestado por centenas de parasitas minúsculos, semelhantes a grãos de arroz. O caso, registrado em 2023, revela os riscos assustadores de uma infecção conhecida como cisticercose disseminada — uma condição rara em que larvas se espalham por órgãos, músculos e até o cérebro.
A criança, cuja identidade não foi divulgada, chegou a um hospital na Índia após sofrer múltiplas convulsões graves, que a deixavam inconsciente. Os médicos responsáveis pelo caso, Mohd Ilyas e Vikrant Mahajan, publicaram um estudo detalhando a situação.
As tomografias revelaram lesões numerosas no cérebro e nos músculos das pernas, causadas pelas larvas do parasita Taenia solium. O dr. Sam Ghali, médico emergencista dos EUA, compartilhou as imagens no X (antigo Twitter), classificando-as como “as tomografias mais absurdas que já vi”.
A tomografia computadorizada do seu cérebro (RSNA)
A cisticercose ocorre quando uma pessoa ingere ovos da tênia, geralmente por meio de alimentos ou água contaminados por fezes humanas ou suínas. No caso da menina, acredita-se que a infecção tenha vindo do consumo de carne de porco mal cozida, que continha cistos do parasita.
Uma vez no organismo, os ovos eclodem e liberam larvas, que atravessam a parede intestinal e viajam pela corrente sanguínea, alojando-se em tecidos como músculos, olhos e sistema nervoso. Quando atingem o cérebro, podem desencadear crises epilépticas, confusão mental e até danos neurológicos permanentes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 50 milhões de pessoas são afetadas pela cisticercose anualmente, com aproximadamente 50 mil mortes. A doença é mais comum em regiões com saneamento básico precário, como partes da Ásia, África e América Latina. A falta de acesso a água tratada e hábitos de higiene inadequados facilitam a propagação do parasita. Em áreas rurais, por exemplo, é comum que porcos — hospedeiros intermediários da tênia — tenham contato com fezes humanas, perpetuando o ciclo de transmissão.
Vermes solitários podem infectar sua corrente sanguínea com larvas
Nas redes sociais, as imagens da tomografia geraram uma mistura de horror e incredulidade. Em um fórum dedicado a parasitologia, usuários descreveram o caso como “chocante” e “difícil de acreditar”. Um comentário destacava: “Cada centímetro de músculo nas imagens está infestado. É surreal”. Outros expressaram admiração pela resistência do corpo humano, já que a menina sobreviveu à infecção massiva.
Felizmente, o desfecho foi positivo. Após semanas de tratamento com corticoides (para reduzir inflamação cerebral) e medicamentos antiepilépticos, a paciente teve melhora significativa. O combate à cisticercose, porém, exige vigilância constante. Cozinhar carne a pelo menos 70°C, lavar as mãos antes de manipular alimentos e investir em infraestrutura sanitária são medidas essenciais para prevenir novos casos.
Enquanto isso, as imagens continuam a circular como um alerta visual sobre os perigos invisíveis que podem estar à mesa — e a importância de não subestimar o poder de um simples grão de arroz.