Os preparativos de Marrocos para a Copa do Mundo de 2030 têm gerado uma grande controvérsia internacional, enquanto organizações de direitos dos animais denunciam o suposto massacre em massa de cães de rua no país. A situação atraiu a atenção de importantes figuras da causa animal, incluindo a renomada conservacionista Dra. Jane Goodall.
De acordo com o Pets Mag, apesar de as autoridades marroquinas afirmarem que as operações de extermínio de cães foram encerradas em agosto de 2024, há evidências de que essas práticas continuam. A Coalizão Internacional de Proteção ao Bem-Estar Animal (IAWPC, na sigla em inglês) estima que até três milhões de cães possam ser mortos como parte de um esforço para “limpar” as ruas antes do torneio.
A Dra. Goodall abordou o assunto diretamente em uma carta enviada ao secretário-geral da FIFA, Mattias Grafström. “Fiquei absolutamente horrorizada ao ver que as autoridades marroquinas estão realizando matanças em larga escala de cães de rua para tornar os locais da Copa do Mundo mais ‘apresentáveis’ para os visitantes estrangeiros. Os fãs de futebol, muitos dos quais são amantes dos animais, sem dúvida reagirão com apelos para boicotar o país e pressionar patrocinadores, como a Qatar Airways, a se retirarem”, escreveu ela em sua carta aberta.
A IAWPC adotou uma posição firme sobre o caso, com seu presidente, Les Ward, pedindo ação imediata por parte da FIFA. “Devem ser impostas condições obrigatórias a Marrocos para proteger os cães de rua e os cães com dono, além de implementar um programa de gestão humanitária. A falta de ação deve resultar na perda do status de coanfitrião de Marrocos”, declarou Ward.
A controvérsia coloca a FIFA em uma posição delicada, já que ativistas de direitos dos animais pressionam a organização para que condicione o direito de Marrocos de sediar o torneio à implantação de práticas humanitárias de gestão animal. A carta da Dra. Goodall destacou as possíveis consequências para a reputação da FIFA, sugerindo que a inação poderia ser vista como cumplicidade.
A IAWPC também iniciou atividades de homenagem aos cães supostamente mortos durante essas operações, incentivando apoiadores a participarem de cerimônias de luto. A organização continua documentando e compartilhando informações sobre a situação, ao mesmo tempo que pressiona por soluções alternativas para gerenciar a população de cães de rua.
Essa questão surge enquanto Marrocos se prepara para co-sediar o que será um dos torneios da Copa do Mundo geograficamente mais diversos da história. A situação destaca os desafios complexos que surgem quando grandes eventos esportivos internacionais se cruzam com questões sociais e de bem-estar animal em nível local.
Agora, a FIFA enfrenta uma pressão crescente para abordar essas alegações e estabelecer diretrizes claras para os países anfitriões em relação aos padrões de bem-estar animal. A resposta da organização a essa situação pode influenciar a forma como questões semelhantes serão tratadas em eventos esportivos internacionais no futuro.