Artista que permitiu que pessoas fizessem qualquer coisa com ela durante 6 horas revela o momento horrível em que deu errado

por Lucas Rabello
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Marina Abramovic, uma artista destemida, uma vez deixou espectadores fazerem o que quisessem com ela por seis horas. Parece um pesadelo, não? Mas ela fez isso mesmo assim, chamando a peça de ‘Rhythm 0’. Imagine ficar parada, deixando estranhos aleatórios terem controle total sobre você com 72 objetos à disposição. E não eram só objetos comuns—pense em flores, perfume, maçãs, mas também navalhas e facas. Pois é, ficou louco.

Então, aqui está o que aconteceu. No começo, tudo foi suave. As pessoas deram flores a ela, beijaram-na e apenas a observaram. Você sabe, aquelas coisas suaves. Mas com o passar do tempo, as coisas tomaram um rumo sombrio. Estamos falando de alguém, no meio da performance, que decidiu usar uma faca. Uma faca. Entre as pernas dela. Partes de suas roupas foram rasgadas. Fotos angustiante do evento mostram Abramovic com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela disse mais tarde que estava “pronta para morrer” durante a performance.

“Eu tinha uma pistola com balas, meu querido. Eu estava pronta para morrer,” ela contou ao Guardian em uma entrevista de 2014. Imagine só—uma arma carregada ali, esperando alguém fazer um movimento. E alguém fez. Cortaram o pescoço dela para beber seu sangue. Sim, isso aconteceu. Enquanto isso, algumas almas corajosas enxugaram suas lágrimas e tentaram intervir. O caos escalou até que alguém apontou aquela arma carregada para a cabeça dela.

A performance acabou—ou porque as pessoas finalmente intervieram ou porque as seis horas terminaram. Até hoje, não está claro qual dos dois. Mas uma coisa ficou clara: a experiência foi traumática. Abramovic não é do tipo que evita refletir sobre o caos. Ela falou sobre isso mais tarde, compartilhando seus pensamentos em uma entrevista no canal do YouTube do Marina Abramovic Institute.

“No início, nada realmente aconteceu,” ela disse. “O público era realmente gentil. Eles me deram uma rosa, me beijavam, olhavam para mim, e o público ficava cada vez mais selvagem.” Ela descreveu como as coisas mudaram conforme a performance se arrastava.

Quando as seis horas finalmente terminaram, Abramovic fez algo inesperado. Ela se mexeu. Começou a ser ela mesma novamente. E adivinhe? Todos se dispersaram. As pessoas não podiam lidar com ela como uma pessoa real. No momento em que ela parou de ser um objeto passivo e recuperou sua agência, eles fugiram.

Refletindo sobre essa experiência intensa, Abramovic teve algumas percepções impactantes. “A experiência que tirei dessa peça foi que em suas próprias performances você pode ir muito longe, mas se deixar as decisões para o público, você pode ser morto,” ela disse.

Mas por que ela vai a extremos tão grandes pela arte?

Em entrevista à Royal Academy, ela disse: “Sim, um grande extremo. Se há algo que eu gostaria de fazer, eu não faço. Só faço algo se tenho medo disso, porque esse é o ponto principal.

“Se sempre tendemos a fazer coisas que gostamos, então estamos criando o mesmo padrão, cometendo os mesmos erros novamente, e nunca entramos em território desconhecido.

“Lembro-me de quando tive a primeira ideia para ‘A Artista Está Presente’, eu disse a mim mesma: ‘Meu Deus, estou louca. Como posso fazer isso por três meses?’, mas então fiquei obcecada. E foi tão difícil.”

Ela continuou: “Foi sobrenatural fazer isso – sentar na frente de milhares de pessoas diferentes, oito horas por dia durante três meses. Havia dias em que eu pensava que não poderia continuar. Mas eu fiz. E isso veio do medo completo de que eu não conseguiria fazer.

“Ao mesmo tempo, ‘A Artista Está Presente’ foi minha grande chance de mostrar ao público o poder, o poder transformador da arte performática, literalmente não fazendo nada – apenas estando em um espaço e sendo notada.

“E então veio essa coisa incrível: pessoas dormindo do lado de fora do museu, esperando por horas para ver o trabalho. Teve 850 mil visitantes, o que quebrou recordes para qualquer artista vivo. E isso foi absolutamente por ficar parada, sendo o olho do furacão.”

No final, ‘Rhythm 0’ foi uma lição brutal sobre a natureza humana. Mostrou quão rapidamente as pessoas podem se tornar selvagens quando têm poder. Abramovic sobreviveu, mas as cicatrizes, tanto físicas quanto emocionais, contam uma história poderosa sobre vulnerabilidade, confiança e o lado sombrio da humanidade.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.