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Mais de 10.000 estruturas humanas antigas podem estar escondidas na Amazônia

Lucas R.

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Mais de 10.000 estruturas humanas antigas podem estar escondidas na Amazônia
Descobertas revelam mais de 10.000 sítios arqueológicos pré-colombianos na Amazônia, redefinindo nossa visão da história e ecologia da região.

Quando a maioria de nós pensa na Amazônia, imaginamos florestas vastas e intocadas repletas de vida selvagem. Mas, você sabia que essa imponente selva tem um passado secreto? Pesquisas recentes revelam uma descoberta surpreendente: existem provavelmente mais de 10.000 sítios arqueológicos pré-colombianos escondidos na bacia amazônica!

Sociedades indígenas, com uma rica história que abrange mais de 12.000 anos, chamavam a Amazônia de lar. Imagine só: civilizações antigas, não apenas vivendo, mas prosperando, moldando e alterando a própria terra que as alimentava. Seu profundo conhecimento sobre movimentação de terras, dinâmica fluvial, enriquecimento do solo e a delicada ecologia de plantas e animais é de tirar o fôlego. Com essa expertise, eles transformaram a paisagem selvagem em um ambiente muito mais acolhedor para a habitação humana.

Mas, aqui está a questão. Embora soubéssemos que eles deixaram sua marca, não tínhamos ideia da magnitude de suas contribuições. Por quê? Principalmente porque nunca houve um levantamento completo desses sítios pré-colombianos – aqueles existentes antes dos espanhóis e portugueses chegarem à América do Sul no século XV. Isso, claro, até agora.

Uma terraplanagem impressa na paisagem amazônica.
Uma terraplanagem impressa na paisagem amazônica.

Os pesquisadores colocaram de forma eloquente: “O vasto número de sítios arqueológicos e florestas alteradas pelo homem na Amazônia é essencial para realmente entender as interações entre as sociedades antigas, as florestas amazônicas e o clima do nosso planeta”. Essa mudança de perspectiva é monumental e pinta a Amazônia sob uma luz totalmente nova.

Então, como eles descobriram esses segredos escondidos sob a espessa copa das árvores? A resposta é o LiDAR aéreo (Detecção e Variação de Luz). Se você nunca ouviu falar, pense no LiDAR como uma lanterna tecnológica que escaneia e mapeia o mundo abaixo de densas florestas. É como uma visão de raio-X para arqueólogos, iluminando mudanças sutis na topografia do solo.

Usando o LiDAR, o talentoso pesquisador Vinicius Peripato e sua equipe embarcaram em uma missão investigativa. Eles examinaram meticulosamente mais de 5.315 quilômetros quadrados da Amazônia e adivinhe o que encontraram? Incríveis 24 estruturas feitas pelo homem previamente desconhecidas! Desde aldeias fortificadas a locais cerimoniais, de assentamentos no topo de montanhas a geoglifos misteriosos – as descobertas foram variadas e espalhadas pela bacia.

Agora, vamos colocar as coisas em perspectiva. A área que eles cobriram representa apenas 0,08% da Amazônia total. Imagine as maravilhas escondidas nos 99,92% restantes!

Eager para aprofundar ainda mais, a equipe não parou por aí. Eles mesclaram suas descobertas com outros estudos sobre estruturas amazônicas. Usando um modelo de distribuição espacial preditiva (um termo complicado, eu sei!), eles estimaram algo impressionante: entre 10.272 e 23.648 estruturas pré-colombianas de grande escala ainda esperam ser descobertas. E a maioria delas? Provavelmente estão no sudoeste da Amazônia.

Mas há outro aspecto nesta história. A equipe observou uma significativa ligação entre esses possíveis trabalhos de terra e a presença de espécies de árvores domesticadas. Essa conexão reforça a teoria de quão envolvidas essas sociedades pré-colombianas estavam em moldar seu ambiente. É como se eles tivessem sua própria versão da moderna gestão florestal. Esse relacionamento proativo que compartilharam com a floresta moldou a ecologia da Amazônia de maneiras que ainda ressoam hoje.

Para concluir, as descobertas da equipe destacam algo crucial. A Amazônia não é apenas uma maravilha natural; é uma mina de ouro histórica e biocultural. Essas florestas, como os pesquisadores corretamente apontam, merecem nosso máximo respeito e proteção. Não só porque são os pulmões do nosso planeta ou pontos de biodiversidade, mas também pelas histórias antigas que sussurram e pelas inestimáveis lições que oferecem sobre a gestão sustentável de nossos preciosos recursos naturais.

Ah, e se você estiver tão cativado por essa pesquisa quanto eu, pode encontrar o estudo completo na revista Science.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.