Imagine abrir o computador para trabalhar, algo que você faz há anos, e de repente… seu cérebro fica em branco. Nada faz sentido. Nenhuma tarefa familiar vem à mente. Foi assim que, aos 48 anos, Rebecca Luna percebeu que algo estava profundamente errado. Ela vivia um ritmo acelerado, mas uma condição silenciosa começava a mudar tudo: o Alzheimer de Início Precoce.
Diferente do Alzheimer que costumamos associar à velhice, o tipo que afeta Rebecca surge antes dos 65 anos, muitas vezes por volta dos 40 ou 50. É raro, representando apenas cerca de 5% a 10% dos casos, mas seu impacto é devastador. Rebecca, uma mãe de dois filhos, inicialmente atribuiu seus lapsos de memória ao estresse da rotina intensa. Quem nunca esqueceu onde colocou as chaves, não é mesmo?
Mas os sinais foram além do comum. O episódio mais assustador aconteceu na cozinha. Rebecca colocou um ovo para cozinhar e saiu de casa para um passeio de 30 minutos até o centro da cidade. Foi só ao chegar ao destino que o terrível pensamento a atingiu: o fogão estava ligado. Ela correu de volta, encontrando a casa completamente tomada pela fumaça. Um minuto a mais, e as chamas poderiam ter consumido tudo. Esse incidente foi um alerta impossível de ignorar.
Após uma série de exames neurológicos complexos, veio o diagnóstico que explicava os esquecimentos crescentes e a confusão mental: Alzheimer de Início Precoce. A doença é neurodegenerativa, progressiva e terminal. A expectativa de vida média após o diagnóstico é de cerca de 8 anos. Para Rebecca, significou confrontar uma realidade brutal: precisará dizer adeus, passo a passo, à independência, à carreira e à vida que construiu.
Diante do futuro incerto, Rebecca decidiu compartilhar sua jornada abertamente, principalmente no TikTok. Seu objetivo? Educar sobre os sintomas precoces, frequentemente negligenciados em pessoas mais jovens, e encontrar apoio. Ela também criou uma campanha de financiamento coletivo.
Os recursos são essenciais para custear despesas básicas de vida, medicamentos específicos, terapias de suporte e cuidados futuros, tanto para ela quanto para garantir alguma segurança financeira para seus filhos. A doença rouba a capacidade de trabalhar e, consequentemente, de se sustentar.
Os sintomas iniciais que Rebecca destaca são cruciais para reconhecer a doença em pessoas mais novas: não apenas esquecer nomes ou compromissos, mas uma perda profunda de familiaridade com tarefas rotineiras e conhecidas (como seu trabalho), episódios de desorientação espacial e esquecimentos potencialmente perigosos (como o fogão ligado). São sinais que vão muito além do “branco” momentâneo.
Apesar da gravidade do prognóstico, Rebecca escolhe focar no presente com uma atitude positiva. Essa força não é só para ela mesma, mas um presente para seus filhos, amigos e todos que acompanham sua coragem nas redes sociais. Sua história é um alerta vital: o Alzheimer não é exclusividade da terceira idade.
Reconhecer os sinais incomuns em pessoas mais novas pode levar a diagnósticos mais rápidos e acesso a tratamentos que, embora não curem, podem ajudar a gerenciar os sintomas e planejar o futuro com mais apoio. A voz de Rebecca ecoa, lembrando-nos da importância de ouvir os sussurros do nosso cérebro, mesmo quando ainda somos jovens.