Quando pensamos em Alzheimer, geralmente vem à mente a imagem de pessoas idosas. Mas a história de Erin Kelly, uma australiana de apenas 29 anos, quebra completamente esse padrão. Ela recebeu um diagnóstico devastador: Alzheimer de início precoce, uma forma rara da doença que surge antes dos 65 anos, e em seu caso, numa idade excepcionalmente jovem.
O Alzheimer não é novidade na família de Erin. A doença levou sua mãe aos 50 anos. Antes disso, seu avô faleceu aos 45 e uma tia também aos 45 anos, todos vitimados pela mesma condição. Apesar desse histórico familiar pesado, Erin confessa que nunca imaginou que o Alzheimer a alcançaria tão cedo, na flor de seus vinte e poucos anos.
Exames médicos já detectaram os primeiros sinais físicos da doença no cérebro de Erin. Eles mostram danos nos neurônios, as células cerebrais essenciais que transmitem informações por todo o corpo.
Estes danos não são apenas visíveis em imagens; Erin já sente mudanças concretas no seu dia a dia. Ela relata começar a esquecer palavras com frequência. Outro sintoma preocupante é a confusão na fala: ao tentar expressar um pensamento, as palavras se misturam na sua boca, algo que ela nunca experimentou antes. Esses são sinais clássicos de comprometimento cognitivo associado ao Alzheimer.
Um dos maiores desafios para Erin é lidar com sua filha, Evie, de apenas 8 anos. A mãe sabe que precisará explicar a doença para a menina em algum momento, mas a idade tão tenra de Evie torna essa conversa extremamente difícil. A prioridade de Erin é proteger a filha da dura realidade pelo maior tempo possível. Seu maior desejo, expresso com clareza, é ver Evie crescer, terminar os estudos, se casar e se tornar um adulto independente antes que a doença a leve.
O Alzheimer de início precoce, como o que afeta Erin, compartilha sintomas com as formas mais comuns vistas em idosos. Isso inclui perda de memória que atrapalha atividades rotineiras, dificuldade em realizar tarefas que antes eram simples e confusão em relação a lugares ou a passagem do tempo. O diagnóstico tão jovem traz urgências diferentes.
Enquanto luta contra o avanço da doença, Erin busca acesso a um tratamento específico chamado Leqembi (lecanemab). Este medicamento, aprovado em alguns países, não é uma cura.
Porém, estudos indicam que pode retardar significativamente a progressão do Alzheimer, especialmente em estágios iniciais. Para Erin, isso significaria preciosos meses ou anos a mais de funcionalidade: continuar trabalhando, mantendo sua independência e, acima de tudo, permanecendo presente como mãe da Evie pelo máximo de tempo possível.
O obstáculo é enorme. Na Austrália, o Leqembi não está disponível através do sistema público de saúde e seu custo é altíssimo, estimado em centenas de milhares de dólares australianos por ano. Diante desta barreira financeira intransponível, a meia-irmã de Erin, Jessica Simpson, tomou uma iniciativa.
Ela criou uma página de arrecadação de fundos online (uma “vaquinha virtual”) buscando reunir recursos para custear o tratamento. O objetivo é claro: dar a Erin Kelly a chance de viver mais momentos ao lado da filha pequena, travando uma batalha contra um relógio biológico acelerado de forma cruel pela genética. A história de Erin é um alerta sobre as múltiplas faces do Alzheimer e a luta por acesso a tratamentos inovadores.