Em dezembro de 2020, Megan Kelly, uma jovem de 19 anos, perdeu a vida após uma batalha contra o sarcoma de Ewing, um tipo raro de câncer que se desenvolve nos ossos ou nos tecidos moles ao seu redor. Sua história, compartilhada pela mãe, Jane, em um artigo para o Instituto de Pesquisa do Câncer, revela uma trajetória de sintomas negligenciados e a luta por um diagnóstico precoce — um alerta que sua família quer disseminar para salvar outras vidas.
Megan tinha 16 anos quando os primeiros sinais apareceram. Tudo começou com um vírus persistente que durou mais de três semanas, seguido por infecções urinárias recorrentes e uma sequência de doenças que a deixaram sem energia. “Ela não conseguia se recuperar”, relatou Jane. A saúde frágil a fez faltar tanto à escola que, em 2018, Megan foi orientada a deixar os estudos. A família, então, buscou ajuda médica repetidamente, mas as suspeitas iniciais incluíram desde febre glandular até escarlatina. Nenhum exame apontou para algo mais grave.

Megan Kelly faleceu em 2020, aos 19 anos, vítima de câncer (The Institute of Cancer Research)
Jane, que enfrentou um câncer aos 32 anos e também teve um diagnóstico tardio, sentia que algo estava errado. “Ela teve mais consultas médicas e idas ao pronto-socorro do que meus outros dois filhos juntos”, disse. Mesmo assim, os profissionais de saúde não identificaram a raiz do problema. Enquanto isso, Megan tentou seguir a vida: começou a trabalhar meio período, mas a fadiga extrema e a falta de direção persistiam.
A virada aconteceu em 2019, quando Megan, já com 18 anos, foi a uma consulta sozinha. Durante o exame, a médica detectou uma massa no abdômen da jovem e pediu que Jane fosse imediatamente ao consultório. “Ela não quis dizer o que era até eu chegar”, contou a mãe. Após exames de imagem, veio o diagnóstico: sarcoma de Ewing em estágio 4, um câncer agressivo que os médicos estimaram estar se desenvolvendo há dois anos. A taxa de sobrevivência para além de cinco anos era de 30%, mas Megan viveu apenas mais 18 meses.
O sarcoma de Ewing é mais comum em crianças e jovens adultos, segundo a Mayo Clinic, e seus sintomas iniciais podem ser confundidos com doenças comuns: dor localizada (especialmente ao movimento), inchaço, febre intermitente e perda de peso sem causa aparente. No caso de Megan, as infecções recorrentes e a fadiga crônica foram sinais de alerta subestimados.
Hoje, a família e os amigos de Megan mantêm viva sua memória através da instituição Megan’s Rose of Hope, que busca conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce e oferecer apoio a jovens em tratamento. A organização arrecada fundos para pesquisa e promove campanhas educativas, destacando a necessidade de ouvir o corpo e buscar segundas opiniões médicas quando sintomas persistem.
Jane reforça que a experiência da filha não é isolada. Muitos jovens com câncer enfrentam atrasos no diagnóstico porque os sintomas são atribuídos a problemas menos graves. “Confie no seu instinto”, ela aconselha. “Se algo não parece certo, insista. Megan lutou até o fim, e queremos que sua história ajude outros a terem uma chance maior.”
A jornada de Megan não apenas expõe os desafios no reconhecimento de cânceres raros, mas também ressalta a importância da comunicação clara entre pacientes, famílias e médicos. Seu legado, agora transformado em ação através da Megan’s Rose of Hope, é um chamado para que sintomas persistentes nunca sejam ignorados.