A lenda da Loira do Banheiro é uma história que faz parte do folclore brasileiro, especialmente popular entre adolescentes em escolas. Esta lenda urbana, que mistura elementos sobrenaturais com fatos históricos, tem suas origens no século 19 e continua a fascinar e assustar pessoas até hoje.
A história conta que o espírito de uma jovem de cabelos loiros e vestido branco aparece nos banheiros escolares após ser invocada por um ritual específico. Este ritual varia de escola para escola, mas geralmente envolve chamar o nome da entidade três vezes em frente a um espelho, bater a porta do banheiro, chutar o vaso sanitário, puxar a descarga e até mesmo dizer palavrões. A aparição é descrita com pedaços de algodão no nariz, ouvidos e boca, detalhes que adicionam um elemento perturbador à lenda.
Embora alguns aspectos da lenda pareçam ter sido inspirados por histórias similares de outros países, como a “Bloody Mary” dos Estados Unidos, a Loira do Banheiro tem uma origem bastante específica e documentada no Brasil. A história real por trás da lenda é a de Maria Augusta de Oliveira Borges, nascida em Guaratinguetá, São Paulo, no final do século 19.
Maria Augusta era filha do visconde de Guaratinguetá e teve uma vida marcada por tragédia e mistério. Aos 14 anos, foi forçada a se casar com o conselheiro Dutra Rodrigues, um homem muito mais velho e influente. Infeliz com este casamento arranjado, a jovem vendeu suas joias e fugiu para Paris aos 18 anos, em 1884. Ela viveu na capital francesa até 1891, quando faleceu aos 26 anos de idade. O motivo exato de sua morte permanece um mistério até hoje, já que o atestado de óbito desapareceu.
Após sua morte, o corpo de Maria Augusta foi trazido de volta ao Brasil. Enquanto aguardavam a construção do túmulo, a família manteve o corpo em uma urna de vidro em sua residência, permitindo visitação pública. A mãe de Maria, Amélia Augusta Cazal, relutante em enterrar a filha, começou a ter visões dela pedindo para ser sepultada, o que eventualmente a convenceu a realizar o enterro.
Em 1902, a casa da família foi transformada na Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves. Foi neste momento que os rumores sobre o espírito de Maria Augusta vagando pela escola começaram a surgir. A lenda ganhou ainda mais força em 1916, quando um incêndio misterioso danificou parte do prédio. Algumas pessoas sugeriram que Maria teria morrido de raiva, uma doença comum na Europa da época que causa desidratação severa, e que o incêndio estaria relacionado a esta causa de morte.
De acordo com a lenda, o espírito de Maria Augusta, agora conhecido como a Loira do Banheiro, vaga pelos banheiros da escola abrindo torneiras para saciar sua sede eterna. Alguns moradores locais afirmam ter sentido um forte perfume feminino momentos antes de se depararem com a aparição.
Apesar dos elementos históricos presentes na origem da lenda, é importante ressaltar que a história da Loira do Banheiro é, de fato, uma lenda urbana. As aparições sobrenaturais, os rituais de invocação e os eventos inexplicáveis são características típicas desse tipo de narrativa folclórica moderna. Não há evidências científicas que comprovem a existência de fantasmas ou a possibilidade de invocá-los através de rituais. A persistência e popularidade dessa lenda podem ser atribuídas a diversos fatores psicológicos e sociais, como a fascinação humana pelo sobrenatural, a necessidade de explicar eventos misteriosos e a tendência de amplificar histórias através do boca a boca.