Viajar, ah que alegria! Ir à praia ou passear por uma cidade movimentada, não há nada como a emoção de descobrir novos lugares. Mas vamos pegar leve quando se trata de La Rinconada, Peru. Este lugar é evitado por muitos, dado sua impressionante expectativa de vida de apenas 35 anos.
Ruhi Çenet, um YouTuber com nervos de aço e um número de inscritos superior a oito milhões, encarou o desafio e aventurou-se no que foi apelidada de ‘a cidade mais próxima do espaço’. Com 50% menos oxigênio, esse lugar não é um destino comum. La Rinconada fica a uma altitude vertiginosa de 5.100 metros, onde o ar é tão rarefeito que as árvores não existem e os locais evoluíram como super-heróis, dobrando a contagem de células sanguíneas para se adaptarem. A atmosfera é tão calma que os recém-chegados muitas vezes se vêem às voltas com soroche, o termo local para o mal da altitude.
Çenet, o viajante do mundo famoso por marcar locais de difícil acesso na sua lista de desejos, tem um público no YouTube que é viciado em suas aventuras arriscadas. Sua jornada até La Rinconada manteve os espectadores presos às telas, acumulando mais de 30 milhões de visualizações. Por meio de sua lente, vemos uma cidade erguida acima das nuvens, um lugar que é mais sobre sobrevivência do que estilo de vida, onde até no verão, as estradas zombam de você com seus olhares gelados.
“Ao sair do táxi, a tontura me atingiu instantaneamente”, compartilhou Çenet, pintando um quadro vívido de sua provação. Acordar parecia como se ele não dormisse há séculos, e o ar seco não era amigo de sua garganta e lábios. O cenário da cidade, cheio de lixo, e o brilho metálico das cabanas onde a eletricidade é um luxo, pintam uma imagem sombria da vida no limite.
Com as temperaturas noturnas despencando para -10°C, é um milagre como o espírito humano suporta. Mas por que suportar tais condições? A resposta brilha: ouro. O coração de La Rinconada é a sua mina de ouro, a força vital que sustenta a cidade apesar das duras condições de vida. Pessoas de todos os lugares, atraídas pelo sonho de ficar rico, vêm aqui para trabalhar nas minas, suportando o frio, o ar rarefeito e o isolamento na esperança de desenterrar fortuna.
A vida em La Rinconada contrasta fortemente com as noções românticas da corrida do ouro. A cidade, carente de infra-estruturas básicas, é um amontoado de casas improvisadas encostadas à encosta da montanha. Eletricidade e água corrente são luxos, não dádivas. As ruas, muitas vezes lamacentas ou geladas dependendo da estação, estão repletas de restos de habitações humanas e detritos de mineração. No entanto, no meio deste ambiente desafiador, uma comunidade persevera, vinculada pela busca comum de um futuro melhor.
A economia da cidade, sem surpresa, gira em torno da indústria mineira. O sistema único de trabalho, conhecido localmente como “cachorreo”, permite que os mineiros trabalhem vários dias sem remuneração, mas concede-lhes o direito de minerar para si próprios no último dia. É uma aposta, com potencial para uma grande recompensa ou uma grande decepção, sendo esse último geralmente o caso.
La Rinconada não é apenas um teste de resistência física, mas um lembrete contundente dos extremos que a humanidade irá alcançar na busca por riqueza. É uma narrativa que vai além das minas de ouro, tocando em resiliência, sobrevivência e as duras realidades da vida nas fronteiras da habitabilidade.