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Juízo divino: A crueldade da prática medieval conhecida como ‘Ordália’

Leonardo Ambrosio

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A religião faz parte da história da humanidade, e é impossível negar a sua importância ao longo das eras. E a verdade é que, em várias épocas diferentes, muitos atos violentos foram cometidos em nome de Deus ou em nome da fé. E a “ordália”, que também era conhecida como “juízo de Deus”, é um belo exemplo das atrocidades que eram cometidas em nome do divino. Há cerca de 800 anos, este tipo de provação era utilizado para testar a inocência de uma pessoa “aos olhos de Deus”.

Esta prática extremamente antiga tinha um caráter de julgamento, por meio do qual a inocência de um acusado era testada por pessoas ligadas à Igreja. A ordália foi adotada amplamente durante a Europa medieval, entre os séculos IX e XII, apesar de ter uma origem bem mais antiga, que remonta o ano de 1772 a.C, na época de Hamurábi.

Para a sociedade da época, Deus era a autoridade máxima na Terra, e por isso ele deveria ser acionado para “se manifestar” em casos onde não havia evidências ou testemunhas suficientes para culpar um acusado.

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Deus, na verdade, era convidado a participar de várias decisões da sociedade daquela época, seja por meio dos oráculos, da interpretação dos sonhos ou então por métodos de julgamento como a ordália. E entre os métodos de aplicação deste julgamento estavam o combate, o uso de água, o envenenamento, a crucificação, testes envolvendo fogos e diversas outras formas de tortura.

Apenas para dar um exemplo, alguns acusados eram obrigados a caminhar sobre o fogo durante um percurso de quase 3 metros, pegar um objeto dentro de um barril com água fervente ou então ingerir algum tipo de alimento de grande porte sem se engasgar. Se o acusado conseguisse sobreviver a essas provações, isso significava que Deus estava lhe inocentando.

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Caso contrário, eles eram culpados. Obviamente, muitos decidiam admitir seus crimes antes da ordália, ainda que fossem realmente inocentes. Para eles, isso era melhor do que ser submetido a este tipo de julgamento cruel e desumano.

Estas práticas foram populares até o ano de 1215, quando o Papa Inocêncio III publicou um cânon proibindo que Deus fosse mencionado ou invocado pelos envolvidos nessas provações, deixando claro que a Igreja não apoiava essas práticas, e que Deus não tinha nada a ver com esses julgamentos violentos. De qualquer forma, muitas pessoas perderam a vida por causa da crueldade empregada pela ordália.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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