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Jamais Vu: a ciência por trás do misterioso oposto do Déjà Vu

Lucas R.

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Jamais Vu
O jamais vu, um "primo" do Deja vu, acontece quando algo familiar de repente parece estrangeiro ou novo para nós.

Jamais vu, um termo talvez não tão popular quanto seu primo déjà vu, tem uma presença enigmática no reino da psicologia. É uma frase em francês que se traduz literalmente como “nunca visto”. Este fenômeno ocorre quando algo familiar de repente parece estrangeiro ou novo para nós. A experiência de jamais vu pode ser tanto desconcertante quanto esclarecedora, oferecendo um vislumbre das complexidades da cognição e memória humanas.

A mente é uma entidade complexa, constantemente absorvendo, processando e reagindo ao mundo ao nosso redor. No meio desse fluxo contínuo de informações, há momentos em que a mente tropeça em uma falha, se assim podemos dizer. Essa falha é onde reside a essência do jamais vu.

Agora, vamos nos aprofundar um pouco no coração do jamais vu. Imagine um cenário onde você está repetindo uma palavra comum, digamos “porta”, várias vezes. Inicialmente, é apenas uma palavra com um significado claro. No entanto, à medida que você continua repetindo, a familiaridade começa a desmoronar, deixando-o em um estranho reino onde a palavra “porta” parece bizarra, quase alienígena. Essa dissonância, onde o familiar se transforma no desconhecido, é o cerne da experiência.

Os pesquisadores têm se intrigado com esse fenômeno peculiar. Sua curiosidade os levou a desenhar experimentos para replicar e entender o jamais vu em um ambiente controlado. Um desses experimentos envolveu participantes escrevendo repetidamente a mesma palavra. Quanto mais escreviam, mais o significado da palavra começava a se desintegrar em suas mentes. Essa transformação do familiar no desconhecido é um aspecto fascinante do jamais vu.

A jornada de exploração do jamais vu não foi direta. É uma narrativa repleta de curiosidade, experimentação e alegria da descoberta. Inicialmente, os pesquisadores pensaram que estavam diante de algo novo. No entanto, à medida que se aprofundavam, descobriram que suas “novas” descobertas eram na verdade uma redescoberta de um fenômeno observado por Margaret Floy Washburn, uma figura notável, mas sub-reconhecida na psicologia, lá em 1907. Ela documentou a “perda de poder associativo” em palavras quando fixadas por um período prolongado. Esse laço histórico enriquece a narrativa do jamais vu, unindo o passado ao presente em um tecido de exploração cognitiva.

A incursão dos pesquisadores no mundo do jamais vu também lançou luz sobre a adaptabilidade da mente humana. O fenômeno serve como um alerta mental, sinalizando quando algo se tornou monótono ou automático. É um mecanismo que nos tira de uma rotina cognitiva, instigando nossas mentes a sair do torpor da repetição e recuperar uma perspectiva fresca.

Interessantemente, a investigação sobre o jamais vu também abriu portas para a compreensão de outros fenômenos cognitivos e transtornos. Por exemplo, a ligação entre o jamais vu e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma área emergente de exploração. Compreender a mecânica do jamais vu poderia fornecer insights sobre os comportamentos compulsivos observados no TOC, contribuindo assim para intervenções mais eficazes.

Além disso, o jamais vu lança luz sobre nossa flexibilidade cognitiva, lembrando-nos da importância de manter nosso processamento mental vibrante e adaptável. Demonstra como nossos cérebros estão programados para sair de loops monótonos e redirecionar nossa atenção para o que é essencial.

Jamais vu, embora seja um termo menos conhecido, reflete a complexidade fascinante de nossos sistemas cognitivos. É um lembrete humilde das inúmeras avenidas de exploração que ainda aguardam no reino da psicologia. À medida que a pesquisa sobre o jamais vu continua a evoluir, ela convoca uma compreensão mais profunda de como nossas mentes navegam no delicado equilíbrio entre o familiar e o desconhecido, fornecendo um terreno rico tanto para a investigação acadêmica quanto para a introspecção pessoal.

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Editor-chefe do portal Mistérios do Mundo desde 2011. Adoro viajar, curtir uma boa música e leitura. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.