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Se você gosta de mitologia, deve estar familiarizado com a medusa, um ser assustador com cabelos de serpentes capaz de transformar aquele que olha diretamente para ela em nada mais nada menos do que pedra!
Parece algo assustador e que existe apenas em mitologias, não é mesmo?
Bem, a realidade pode ser ainda mais surpreendente e deveras assustadora: no norte da Tanzânia, próximo da fronteira, há um lago salgado alcalino que pode transformar seres em pedra.
Tudo acontece por causa do vulcão Ol Doinyo Lengai (pron Ól Doínho Lengái), que dispensa uma grande quantidade de lava rica
em natrocarbonatite, o que inspirou o nome do lago. Enquanto a maioria das lavas é rica em minerais de silicato, as de natrocarbonatita são bem mais raras, ricas em minerais como carbonato de sódio e potássio – o mesmo usado nas mumificações egípcias.

O pH da água pode chegar a 10,5 – o que o torna bem alcalino, e a temperatura pode atingir os 60 graus. Sendo assim, algo que surpreendeu muita gente sobre o lago Natron foi um projeto fotográfico em 2013 realizado pelo fotógrafo Nick Brandt, um profissional reconhecido por seus retratos de paisagens da África Oriental. Nas imagens, o fotógrafo retratou figuras de animais completamente calcificados – sim, como se tivessem olhado diretamente nos olhos da medusa!
Mas calma, os animais não viraram pedra assim que caíram no lago. O processo foi bastante lento.
O lago é inteiramente espelhado e o fotógrafo teorizou que, por causa disso, muitas das aves que sobrevoavam a região, poderiam ter confundido o cenário e assim mergulhado nas profundezas do lago mortal, morrendo afogadas. As propriedades especiais do lago impediram que elas entrassem em decomposição. Com o tempo, os animais acabaram se calcificando, ficando parecidos com estátuas de pedra.
Em 2007, um helicóptero caiu no Natron: um grupo de cinegrafistas da vida selvagem mergulhou na toxicidade da água. O piloto quebrou uma perna, enquanto um membro da equipe fraturou o braço, e outros conseguiram rapidamente nadar até a margem para pedir auxílio a algumas pessoas da
tribo Masai, nas proximidades. A sorte foi que eles rapidamente construíram macas e socorreram os feridos.
Mas… e se você pulasse no lago Natron? O que aconteceria?

Bem, depende. A temperatura do lago varia ao longo do ano. Em sua temperatura máxima, você rapidamente teria por todo o seu corpo queimaduras de terceiro grau. O sal faria todo o seu corpo arder e você teria dificuldades para nadar por conta da dor imensa. Seu corpo afundaria, endureceria e ficaria quase intacto nas profundezas.
Agora, se o mergulho acontecesse em uma temperatura mais baixa, a sensação inicial seria como uma banheira de hidromassagem – nos primeiros segundos, é claro! Em seguida seus olhos começariam a arder por conta do sal e, caso tivesse alguma ferida na pele, você agonizaria de dor.
Você precisaria nadar com muita destreza evitando engolir qualquer gota d’água, preferencialmente, com óculos especiais – ou poderia ficar cego. Quanto mais rápido sair do lago e se banhar em água limpa, maiores as chances de sobrevivência.
Parece algo assustador, não é mesmo? Mas ambientes assim, por incrível que pareça, podem ser um santuário para alguns animais. O Natron também é um lugar onde a vida floresce.
A alta taxa de mortalidade que ocorre no Natron parece não intimidar algumas espécies como os flamingos-pequenos. A reprodução desses animais cresce a cada dia: eles prosperam em lagos salgados por conta de sua pele dura e pernas escamosas, que evitam queimaduras, além de se alimentarem das cianobactérias do lago.
Mas, devemos nos lembrar que flamingos possuem quase que “poderes especiais”: eles podem beber a água doce de fontes próximas ou gêiseres nas margens do lago e, se estiverem desesperados o suficiente, podem até filtrar a água salgada com glândulas especiais nas cavidades nasais. Como se não bastasse, seus estômagos fortes permitem que eles se alimentem das algas tóxicas encontradas em todo o lago e, por isso, o Natron é o local perfeito para criar e proteger seus filhotes.
Bem, no fim das contas: se você não for um flamingo ou uma cianobactéria… é melhor não se arriscar e preferir um banho de piscina comum ao invés disso!
Você já tinha ouvido falar do Lago Natron? Conte nos comentários! Até a próxima!