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Ah dormir! É uma coisa maravilhosa, não é mesmo? Ainda mais depois de um exaustivo dia de árduo trabalho – nessas situações, jogar-se na cama após um banho relaxante parece ser a coisa mais certa a ser feita.
Dormir é tão importante que nossos corpos são capazes de perceber que não estamos dormindo o suficiente, ativando assim mecanismos para nos alertar: ficamos fatigados, bocejamos sem parar, a nossa atenção fica flutuante… e muitos outros sintomas que você deve conhecer bem.

No fim parece que vivemos em um paradoxo: apesar de ser tão bom dormir, lembramos que vivemos em um mundo que demanda cada vez mais de nós. Nunca temos tempo para fazer tudo o que queríamos e precisávamos em um único dia e daí surgem os questionamentos: por que precisamos dormir? O que aconteceria se simplesmente parássemos de dormir? Será que um dia a ciência desenvolverá algum tipo de comprimido que nos faça ficar acordados para sempre?
Por que dormimos?

Curiosamente, a ciência entende relativamente pouco sobre a evolução do sono e porque dormimos: afinal, permanecer inconsciente por horas e horas de sono é algo que nos deixa vulneráveis aos predadores à espreita, o que, teoricamente, não seria algo vantajoso para a nossa espécie.
No entanto, sabemos que existem relações entre o sono e a saúde. Pesquisas revelam que adultos que dormem de 6 a 8 horas de sono por noite possuem uma melhor qualidade de vida e tendem a viver por mais tempo, ao passo que o excesso de sono pode conduzir a problemas médicos, como doenças cardiovasculares e até mesmo diabetes.
E se, simplesmente, parássemos de dormir?

Você sabia que uma pessoa passa, em média, 23 anos 9 meses e 7 dias de sua vida dormindo?
É um tempo valioso não é mesmo? O que você faria se tivesse sempre as 24 horas, sem precisar dormir? Estudaria mais? Aproveitaria mais a vida ou se dedicaria ao trabalho, a fim de ascender socialmente e em sua profissão? Será que conseguiria manter a produtividade?
Bem, a resposta é não: apesar da ideia de que passamos uma parte significante de nossas vidas na cama, dormir é essencial para a nossa sobrevivência.
Enquanto dormimos nossos corpos liberam hormônios que regulam o metabolismo, renovando as células através da remoção das antigas e substituindo por novas, propondo um melhor funcionamento do organismo.
As primeiras 24 horas sem dormir

Se você parasse de dormir, nas primeiras 24 horas nada aconteceria: você se sentiria completamente bem, na verdade até melhor que isso: ficar sem dormir, de início, estimula a via mesolímbica do cérebro, também conhecida como “via de recompensa”. A via mesolímbica é composta por uma coleção de neurônios dopaminérgicos – ou seja, que liberam dopamina – e você ficaria muito feliz e até mesmo com a libido alta. Mas, isso não duraria por muito tempo.

Após as 24 horas de privação de sono, todas as suas reações se tornariam mais lentas. Seu cérebro começaria a “desligar” as regiões responsáveis pelo planejamento e tomada de decisões. Você começaria a se esquecer do que estava fazendo, adotaria um comportamento mais impulsivo e com percepção bem mais limitada, o que te deixaria muito parecido com um bêbado, para falar a verdade.
Após dois dias em diante

Para piorar a situação, imagine-se dois dias sem dormir: nesse ponto seu corpo começaria a colapsar. A produção de glicose seria afetada, deixando-o sem nenhuma carga de energia. Você ficaria pálido, com os olhos vermelhos e com uma aparência cansada, com rugas ainda mais aparentes.
Para piorar ainda mais, no terceiro dia, você teria alucinações. Sem a fase REM do sono, seu cérebro traria à tona seus sonhos e seus pesadelos, tendo seus músculos enfraquecidos pela quebra de proteína que ocorre no organismo. Seu corpo tentaria retirar energia de qualquer lugar que conseguisse para que pudesse te manter acordado.
Após duas semanas, seu sistema imunológico estaria tão fraco que você poderia facilmente morrer por uma gripe ou algo bem simples. Perto da terceira semana você morreria por um ataque cardíaco, já que seu corpo não teria de onde mais tirar energia.
Considerações finais

Primeiramente, fica o alerta para jamais fazer esse tipo de experimento de ficar sem dormir em casa. É muito importante manter uma rotina saudável de sono, já que a privação crônica do sono tem sido associada a espectros de doenças cardiovasculares, obesidade, depressão e danos cerebrais severos.
Para quem também se importa com a beleza, existem estudos que relacionam a privação de sono com a formação de rugas e o aspecto menos saudável da pele.
O caso científico mais longo documentado foi de grupos de pessoas que ficaram acordadas por 11 dias, ou seja, 246 horas. Os participantes desenvolveram problemas de percepção, concentração e legibilidade. Nenhum deles foi submetido a condições que trariam danos de longo prazo para a saúde, sejam problemas fisiológicos, neurológicos ou psiquiátricos.
Todavia, experimentos conduzidos em ratos privados de sono, resultaram em morte após as duas semanas. Os cientistas estão tentando descobrir se a causa da morte é de fato a privação de sono em si ou o estresse originado pela privação do sono.

Por isso, recomendamos que você pegue seu cobertorzinho favorito e tire uma boa soneca: mas sem excessos, viu?