Incidente horrível fez homem sofrer ‘a morte mais dolorosa da história’, chorando sangue e sendo mantido vivo por 83 dias Incidente horrífico fez homem sofrer 'a morte mais dolorosa da história', chorando sangue e sendo mantido vivo por 83 dias

por Lucas Rabello
875 visualizações

Em 30 de setembro de 1999, uma rotina de trabalho na usina de preparação de combustível nuclear de Tokaimura, no Japão, transformou-se em um dos acidentes radioativos mais terríveis já registrados.

Três trabalhadores – Hisashi Ouchi, Masato Shinohara e Yutaka Yokokawa – foram encarregados de uma tarefa crítica: preparar uma nova solução de urânio para barras de combustível.

O procedimento exigia precisão extrema. Eles precisavam misturar manualmente uranil nitrato em um grande tanque de precipitação. Porém, uma série de falhas se somaram. Os homens não tinham treinamento adequado para a tarefa específica.

Cometeram um erro crucial de cálculo e adicionaram uma quantidade colossal de urânio: 16 quilos, quando o limite seguro era de apenas 2,4 quilos. Esse erro superdimensionou o material além de qualquer ponto crítico seguro.

Instantaneamente, uma reação nuclear descontrolada começou dentro do tanque. Um intenso clarão de luz azul – conhecido como radiação Cherenkov – iluminou a sala. Era o sinal visível da liberação de enormes quantidades de radiação gama e nêutrons no ambiente. Os três homens foram banhados por essa radiação mortal.

Infelizmente ele é conhecido por muitos como 'Homem Radioativo' (Domínio Público)

Infelizmente ele é conhecido por muitos como ‘Homem Radioativo’ (Domínio Público)

Hisashi Ouchi, que estava mais próximo do tanque, recebeu a dose mais catastrófica. Estimativas indicam que seu corpo absorveu cerca de 17 sieverts (Sv) de radiação instantaneamente.

Para entender a dimensão disso, trabalhadores em áreas nucleares têm um limite de segurança anual de apenas 0,02 Sv. Mesmo os socorristas mais expostos em Chernobyl receberam doses entre 0,02 e 0,5 Sv. A dose fatal para humanos é geralmente considerada acima de 5 Sv. Ouchi recebeu mais de três vezes esse valor.

Os efeitos físicos foram imediatos e devastadores. A radiação ionizante destruiu o DNA nas células de Ouchi. Seu sistema imunológico entrou em colapso primeiro: a contagem de glóbulos brancos despencou para quase zero, deixando-o indefeso contra qualquer infecção. Ele foi transferido para uma unidade especial de radiação na Universidade de Tóquio, isolado para protegê-lo de germes comuns do hospital.

Nos dias e semanas seguintes, o corpo de Ouchi começou a se desintegrar. Sua pele, queimada pela radiação, descamava em grandes placas e não se regenerava.

Ele perdeu fluidos corporais e sangue através da pele danificada e das membranas mucosas. Relatos médicos descrevem episódios de lacrimejamento de sangue, um sintoma horrendo decorrente da destruição dos tecidos oculares e vasculares.

Apesar da gravidade inédita de suas lesões e do prognóstico desesperador, uma intensa batalha médica foi travada para mantê-lo vivo. A pedido de sua família, os médicos empregaram tratamentos agressivos e experimentais.

O erro na usina levou à sua morte. (Domínio Público)

O erro na usina levou à sua morte. (Domínio Público)

Ouchi passou por múltiplas transfusões de sangue diárias para repor células perdidas. Ele recebeu transplantes de células-tronco periféricas na tentativa de reconstruir seu sistema imunológico. Enxertos de pele foram realizados, mas frequentemente falhavam porque seu corpo não tinha capacidade de regeneração.

Internado por 83 dias, Ouchi enfrentou uma agonia constante. Seu organismo falhava progressivamente. Ele sofreu três paradas cardíacas graves durante a internação. Em 21 de dezembro de 1999, aos 35 anos, Hisashi Ouchi sucumbiu. A causa oficial da morte foi falência múltipla de órgãos – o desfecho inevitável da exposição extrema à radiação que destruiu seu corpo a nível celular.

Seus colegas também ficaram gravemente feridos; Shinohara morreu sete meses depois, enquanto Yokokawa, mais afastado do tanque e com dose menor, sobreviveu. O acidente de Tokaimura expôs falhas críticas de segurança e protocolos na indústria nuclear japonesa da época.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.
error: O conteúdo é protegido!!