A boxeadora argelina Imane Khelif ganhou destaque ao conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, provando que seus críticos estavam errados e superando a controvérsia em torno de sua participação. A atleta de 25 anos garantiu a vitória na categoria peso meio-médio, derrotando a chinesa Yang Liu por decisão unânime após três rounds.
A jornada de Khelif até a medalha de ouro não foi fácil. No início das Olimpíadas, foi revelado que ela não passou em um teste de elegibilidade de gênero não especificado, conduzido pela Associação Internacional de Boxe (IBA) em 2023. Essa revelação gerou um debate sobre gênero que ameaçou ofuscar suas conquistas atléticas.
Apesar da controvérsia, a performance de Khelif no ringue foi impressionante. Sua campanha olímpica começou com uma luta contra a italiana Angela Carini, que terminou abruptamente após apenas 46 segundos. Carini afirmou posteriormente que os golpes de Khelif “doíam demais”, embora tenha se desculpado por recusar o aperto de mão de sua oponente após a luta.
Ao longo da competição, Khelif demonstrou habilidade e determinação, não perdendo um único round em nenhuma de suas lutas. Sua sequência de vitórias se estendeu a 12 lutas consecutivas até a final pela medalha de ouro.
Após sua vitória, Khelif abordou diretamente a controvérsia de gênero, declarando: “Estou totalmente qualificada. Sou uma mulher como qualquer outra mulher. Nasci mulher, vivi como mulher, competi como mulher – não há dúvida.” Ela acrescentou: “Existem inimigos do sucesso, é claro. Isso dá um gosto especial ao meu sucesso por causa desses ataques.”
O Comitê Olímpico defendeu a inclusão de Khelif nos jogos, emitindo uma declaração em sua defesa. Esse apoio foi ecoado por seu país natal, a Argélia. É importante notar que Khelif nasceu e foi criada como mulher e nunca se identificou publicamente como outra coisa além de feminina.
Khelif também aproveitou a oportunidade para compartilhar uma mensagem sobre esportividade e valores olímpicos. Ela disse: “Quero dizer ao mundo que deveriam se comprometer com os princípios olímpicos e não intimidar as pessoas. Esta é a mensagem das Olimpíadas. Espero que as pessoas parem de intimidar. Estamos nas Olimpíadas para atuar como atletas, para nossas famílias. Espero que não vejamos ataques semelhantes no futuro.”
A questão da elegibilidade de gênero não é exclusiva de Khelif. Outra atleta, a taiwanesa Lin Yu-Ting, que também não passou no teste de elegibilidade de gênero da IBA em 2023, estava prestes a competir pela medalha de ouro na divisão peso-pena.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, defendeu o direito de ambas as atletas de competirem nos jogos. Ele declarou: “Este sistema está funcionando e, portanto, nossa decisão é clara. As mulheres devem ser autorizadas a participar das competições femininas e as duas são mulheres.” Bach também mencionou que estaria aberto a adotar um “sistema cientificamente sólido” para determinar a elegibilidade, caso um fosse acordado.