A recente divulgação de imagens raras de drones mostrando tribos isoladas proporcionou uma visão notável sobre vidas não tocadas pela civilização moderna. G. Miranda, em colaboração com a organização Survival International, capturou estas imagens aéreas extraordinárias de comunidades indígenas em dois locais distintos: a Ilha Sentinela do Norte, na Índia, e o Vale do Rio Javari, na fronteira entre o Brasil e o Peru.
As filmagens, que ganharam muita atenção desde sua divulgação, mostram momentos íntimos dessas comunidades isoladas em suas rotinas diárias. Nas imagens, é possível observar pequenos assentamentos, habitações tradicionais e membros das tribos, alguns deles armados com arcos e flechas, olhando diretamente para os drones, uma tecnologia completamente desconhecida para eles.
Uma compilação dessas fotografias, publicada no canal do YouTube Death Island Expeditions em 2018, já ultrapassou 3,5 milhões de visualizações. Um dos comentários no vídeo destaca: “É impressionante como nossas vidas são tão diferentes. O fato de eles não terem ideia da existência de supermercados, fábricas, telefones, redes sociais, tudo que define a nossa sociedade. É tão surreal.”
No Brasil, a FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), órgão responsável por políticas voltadas para os povos indígenas, teve um papel fundamental na captação de algumas dessas imagens. As filmagens das tribos brasileiras, feitas em 2008, surgiram em um contexto de intensa pressão de interesses econômicos e políticos que exigiam provas da existência dessas comunidades em meio a debates sobre o desenvolvimento da Amazônia.
José Carlos dos Reis Meirelles Júnior, especialista em tribos isoladas, explicou: “Fizemos o sobrevoo para mostrar suas casas, para mostrar que eles estão lá, para mostrar que eles existem.” Ele também expressou preocupação com as ameaças enfrentadas por essas comunidades, especialmente devido à ação de madeireiros ilegais no Peru, o que poderia gerar conflitos.
A decisão de divulgar essas imagens foi amplamente apoiada por líderes indígenas brasileiros, que enfatizaram os riscos extremos enfrentados por essas comunidades isoladas. Esses perigos incluem a exposição a doenças comuns, contra as quais eles não têm imunidade, e a violência de pessoas externas. O ativista indígena Beto Marubo destacou essa vulnerabilidade ao afirmar à National Geographic: “O simples fato de esses grupos serem isolados os torna particularmente vulneráveis porque são invisíveis para a maioria do público.”
As imagens oferecem um raro vislumbre de mundos que coexistem paralelamente à nossa sociedade conectada, onde comunidades continuam vivendo de acordo com suas tradições ancestrais, completamente alheias aos avanços tecnológicos e às estruturas sociais contemporâneas. Esses registros documentam a existência de comunidades humanas que preservam seus modos de vida ancestrais, independentes da era digital global que define grande parte da experiência humana moderna.