Há mais de 150 anos, as ruas de Londres foram aterrorizadas por um dos assassinos mais famosos da história: Jack o Estripador. Entre agosto e novembro de 1888, cinco mulheres foram brutalmente assassinadas, seus corpos mutilados de maneira que chocou até os investigadores experientes da época. Conhecidas como o “Canônico Cinco”, as vítimas — Mary Ann Nichols, Annie Chapman, Elizabeth Stride, Catherine Eddowes e Mary Jane Kelly — entraram para a história como símbolos de um mistério nunca resolvido. Até agora.
Por décadas, a identidade do assassino gerou teorias que variaram do absurdo ao plausível. Livros, filmes e séries especularam sobre quem estaria por trás dos crimes. A lista de suspeitos incluiu desde cidadãos comuns até membros da realeza, passando por médicos, artistas e até um açougueiro. No total, 16 nomes foram associados aos assassinatos, mas nenhuma prova concreta surgiu para fechar o caso. Isso pode ter mudado graças a um pedaço de tecido guardado por mais de um século.

A identidade de Jack o Estripador foi revelada.
Em 2007, o historiador Russell Edwards adquiriu um xale que, segundo relatos históricos, pertencia a Catherine Eddowes, uma das vítimas. A peça, manchada por substâncias não identificadas, foi submetida a análises forenses modernas. Os resultados, divulgados inicialmente em 2014 e aprofundados em seu livro Jack the Ripper: A Revelação Definitiva (sequência de Identificando Jack o Estripador), apontaram para uma descoberta surpreendente: o DNA encontrado no tecido combinou com descendentes de Eddowes e, em outra amostra, com os de Aaron Kosminski, um dos principais suspeitos do caso.
Kosminski, um imigrante polonês que trabalhava como barbeiro em Londres no século XIX, já estava na mira de investigadores da época. Relatos da polícia sugeriam que ele tinha histórico de distúrbios mentais e comportamento violento, mas as evidências nunca foram suficientes para levá-lo a julgamento. Agora, a análise do xale — que continha sangue de Eddowes e uma mancha de sêmen ligada a Kosminski — pode ser a peça que faltava no quebra-cabeça.
Edwards não hesita em afirmar: “Ele não é mais apenas um suspeito. Podemos responsabilizá-lo, finalmente, por seus atos terríveis. Minha busca terminou: Aaron Kosminski é Jack o Estripador”. A declaração foi reforçada por testes genéticos que, segundo o historiador, mostram uma correspondência de 100% entre o material biológico do xale e os descendentes de Kosminski.
O caso ganhou novo fôlego em 2023, quando Edwards anunciou que contratou uma equipe jurídica para pedir a reabertura do inquérito. O objetivo é que um tribunal britânico reconheça oficialmente Kosminski como o assassino, encerrando séculos de especulação. A iniciativa tem apoio dos descendentes de ambos os lados da história. Karen Miller, trineta de Catherine Eddowes, declarou ao Daily Mail: “O nome Jack o Estripador virou uma lenda. Mas e o nome real de quem fez isso? Ter o culpado reconhecido pela Justiça seria uma forma de dar voz às vítimas”.
Apesar do otimismo, alguns especialistas questionam a confiabilidade do DNA após mais de um século exposto a contaminações. O próprio xale, por exemplo, foi exibido em museus e manipulado por colecionadores antes dos testes. Edwards, porém, defende a metodologia usada: as amostras foram coletadas de áreas protegidas do tecido e comparadas com perfis genéticos de familiares distantes de Eddowes e Kosminski.
Enquanto o processo judicial segue em discussão, o mistério que alimentou gerações de curiosos está perto de uma resposta definitiva. Se a justiça reconhecer Aaron Kosminski como Jack o Estripador, um dos capítulos mais sombrios da história criminal ganhará um novo epílogo — escrito não por teorias, mas por ciência.