Iceberg retangular: a geometria surpreendente da natureza

por Lucas Rabello
1,4K visualizações

Quando você pensa em icebergs, pode imaginar pedaços de gelo de formas estranhas flutuando no oceano. Mas você sabia que alguns icebergs podem ser quase perfeitamente retangulares? É verdade, e é um exemplo fascinante da surpreendente geometria da natureza.

Recentemente, a NASA capturou a imagem de um desses icebergs durante a Operação IceBridge, uma missão projetada para estudar as regiões polares da Terra. Este iceberg específico foi avistado flutuando perto da plataforma de gelo Larsen C na Antártida, e sua forma chamou imediatamente a atenção de todos.

Em vez de ter a forma irregular e dentada que geralmente associamos aos icebergs, este parecia um cubo de gelo gigante, com ângulos retos e superfícies planas. É tão perfeitamente formado que você poderia pensar que foi esculpido por mãos humanas. No entanto, essa maravilha retangular é inteiramente natural.

Esse tipo de iceberg é chamado de iceberg tabular. Os icebergs tabulares são conhecidos por seus lados íngremes e topos planos, frequentemente se desprendendo das plataformas de gelo em formas geométricas surpreendentemente limpas. Embora possam começar com ângulos afiados, a natureza rapidamente trabalha para suavizá-los. O vento e as ondas gradualmente desgastam as bordas, arredondando os cantos e dando ao iceberg uma aparência mais típica e irregular.

Você provavelmente já ouviu que a maior parte da massa de um iceberg está escondida debaixo d’água. Isso é verdade para muitos icebergs, mas com os icebergs tabulares como o que a NASA fotografou, nem sempre é claro se estão flutuando livremente ou descansando no fundo do oceano. Sua forma plana pode torná-los mais estáveis e menos propensos a virar, permitindo que mantenham sua forma retangular distinta por mais tempo.

Os icebergs tabulares podem ser incrivelmente grandes. O recordista é um gigante conhecido como Iceberg B-15. Esta enorme ilha de gelo mediu impressionantes 295 quilômetros de comprimento e 37 quilômetros de largura quando se desprendeu da Plataforma de Gelo Ross, na Antártida, em março de 2000. Para colocar isso em perspectiva, o B-15 tinha uma área de 10.890 quilômetros quadrados – isso é maior que alguns países! Se fosse uma nação, seria o 166º maior do mundo em área, superando a Gâmbia e chegando perto da Jamaica em tamanho.

Não parece real, não é? (NASA)

Não parece real, não é? (NASA)

A Operação IceBridge da NASA, que capturou essa imagem incomum do iceberg, serve a um propósito científico crucial. Ao pesquisar regularmente as regiões polares da Terra, os cientistas podem rastrear as mudanças na espessura do gelo, na localização e na acumulação ao longo do tempo. Esses dados são inestimáveis para entender como as mudanças climáticas estão afetando as camadas de gelo e as geleiras do nosso planeta.

Embora o iceberg retangular possa parecer uma curiosidade, faz parte de uma história maior sobre o nosso planeta em mudança. À medida que as temperaturas globais aumentam, as plataformas de gelo se quebram com mais frequência, liberando mais icebergs nos oceanos. Estudar esses icebergs e os processos que os criam ajuda os cientistas a entender melhor a saúde de nossas regiões polares e a prever mudanças futuras.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.