Homem que ganhou na loteria 14 vezes revela matemática básica que usou para vencer o sistema

por Lucas Rabello
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Imagina ganhar na loteria uma vez. Agora, multiplica essa sensação por 14. Parece ficção, mas essa é a história real de Stefan Mandel, um matemático romeno que desenvolveu um método para “quebrar” o sistema de loterias e acumular milhões de dólares sem depender da sorte. Seu segredo? Matemática pura, planejamento meticuloso e um grupo de investidores dispostos a encar o desafio.

Na década de 1980, Mandel criou um fundo de investimento chamado International Lotto Fund e reuniu um grupo de pessoas para financiar sua estratégia. A ideia era simples, porém ambiciosa: comprar todas as combinações possíveis de números em sorteios específicos, garantindo que pelo menos um bilhete seria o vencedor. O conceito, que ele chamou de “condensação combinatória”, exigia cálculos precisos e um planejamento logístico impecável.

Um dos casos mais famosos ocorreu em 1992, na loteria da Virgínia, nos Estados Unidos. Na época, os jogadores escolhiam 6 números entre 1 e 44, totalizando 7.059.052 combinações possíveis. Mandel e seu grupo calcularam que, se comprassem todas as combinações, o custo seria menor que o prêmio total do jackpot. Além disso, a loteria permitia que os bilhetes fossem impressos em casa, o que facilitou a operação em larga escala sem chamar atenção.

Mandel usou a matemática para ganhar os prêmios. (CBS)

Mandel usou a matemática para ganhar os prêmios. (CBS)

Com investimento de cerca de 5 milhões de dólares (ajustado pela inflação, aproximadamente 10 milhões de dólares em valores atuais), a equipe imprimiu milhões de bilhetes e os registrou horas antes do sorteio. O resultado? Além de levar o prêmio principal de 27 milhões de dólares, eles ganharam centenas de milhares em prêmios secundários, como acertos de cinco, quatro e três números.

A vitória, porém, não passou despercebida. Autoridades australianas chegaram a alertar a loteria da Virgínia sobre suspeitas de lavagem de dinheiro, mas investigações comprovaram que tudo estava dentro da legalidade. Mandel apenas explorou uma brecha no sistema: como as regras não proibiam a compra de todas as combinações, sua estratégia era tecnicamente válida.

Após anos de sucesso, loterias ao redor do mundo começaram a mudar suas regras para evitar que o método fosse replicado. Limites na quantidade de bilhetes por pessoa, aumento no número de bolas (o que eleva as combinações possíveis) e proibição de impressão caseira de bilhetes são algumas das medidas adotadas.

Mandel, hoje aposentado das apostas, vive em Vanuatu, um pequeno país insular no Pacífico. Em entrevista a um jornal romeno em 2012, ele resumiu sua filosofia: “Sou um homem que assume riscos, mas de forma calculada. Até fazer a barba é uma loteria: posso me cortar, ter uma infecção e morrer, mas faço assim mesmo. As chances estão a meu favor”.

A história de Mandel não é apenas sobre sorte ou genialidade, mas sobre como a matemática pode desafiar sistemas aparentemente imbatíveis. E embora seu método não funcione mais, ele deixou um legado curioso: provou que, às vezes, a loteria pode ser um jogo de estratégia — pelo menos para quem domina os números.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.

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