Em um mundo onde refrigerantes são vistos como um complemento comum em escritórios, eventos e até em casa, um caso médico chocante revela como o consumo excessivo dessa bebida pode desencadear uma série de problemas graves.
A história de um homem de 48 anos, conhecido pelas iniciais BA, serve de alerta para quem acredita que ingerir litros de refrigerante por dia é inofensivo. O relato, divulgado pelo canal do YouTube Chubbyemu, especializado em casos médicos, expõe uma realidade assustadora: o que começou como um hábito aparentemente normal se transformou em uma crise de saúde com consequências quase fatais.
Tudo começou quando BA, aos 30 anos, mudou de emprego. A nova empresa oferecia refrigerante de graça e ilimitado para os funcionários. O que parecia um benefício tentador logo se tornou um vício.
Inicialmente, ele consumia quantidades moderadas, mas, com o tempo, a ingestão diária foi aumentando até chegar a sete litros por dia — equivalente a cerca de 28 latas de 250 ml. O hábito persistiu por mais de uma década, período em que BA não percebeu os sinais de que seu corpo estava entrando em colapso.
Um dos primeiros sintomas foi a sede constante. Mesmo bebendo refrigerante em grandes quantidades, BA acordava com a boca seca e recorria à bebida açucarada para aliviar o desconforto.
Quanto mais ele bebia, mais sede sentia, criando um ciclo vicioso. As idas ao banheiro se tornaram frequentes — até dez vezes em duas horas —, um claro indicativo de que seu organismo estava sobrecarregado. Além disso, ele começou a sentir falta de ar, dores estomacais e uma névoa cerebral que afetava sua capacidade de se comunicar, resultando em dificuldade para articular palavras.
O ápice ocorreu quando BA desmaiou no trabalho e foi levado às pressas para o hospital. Os exames revelaram que ele estava em coma diabético, com níveis de açúcar no sangue extremamente elevados há pelo menos três meses.
O diagnóstico também apontou pressão alta, colesterol elevado e um quadro grave de hipocalemia — condição caracterizada pela queda drástica de potássio no sangue, essencial para o funcionamento de músculos e nervos. Os médicos descobriram que seus rins estavam falhando e que as fibras musculares estavam se decompondo, liberando substâncias tóxicas na corrente sanguínea, um fenômeno conhecido como rabdomiólise.
O mais surpreendente foi que, mesmo durante a internação, BA continuou a consumir refrigerante. Sua esposa levava as bebidas para o hospital, ignorando os riscos. A equipe médica só percebeu a gravidade do vício quando um estudante observou a entrega das latinhas e investigou a relação entre os sintomas e o consumo excessivo da bebida. A combinação de açúcar e cafeína, presentes nos refrigerantes, explicava boa parte do quadro clínico.
O açúcar em quantidades exorbitantes — como as presentes em sete litros de refrigerante — sobrecarrega os rins. Em condições normais, esses órgãos filtram o sangue, retendo água e nutrientes. No entanto, o excesso de glicose faz com que a água seja eliminada junto com o açúcar na urina, desidratando o corpo e provocando perda de eletrólitos, como o potássio. Já a cafeína age como um diurético, aumentando a produção de urina e agravando a desidratação.
Além disso, ela interfere em moléculas que ajudam os vasos sanguíneos a se dilatarem, reduzindo o fluxo de sangue para órgãos vitais e impedindo a reabsorção de sódio nos rins, o que acelera a perda de líquidos.
Esses mecanismos explicam por que BA, mesmo recebindo soro intravenoso no hospital, continuava a produzir quantidades anormais de urina — 15 litros em um dia, contra os 3,7 litros administrados pelos médicos. A água passava direto por seu corpo, arrastando consigo o pouco potássio que tentavam repor. Sem esse mineral, os músculos enfraquecem, o coração pode entrar em arritmia e as funções nervosas ficam comprometidas.
A recuperação só começou quando BA foi orientado a cortar totalmente os refrigerantes. Após abandonar o hábito, seus níveis de potássio voltaram ao normal, os rins recuperaram a função e a fraqueza muscular desapareceu.
No entanto, o caso deixou marcas permanentes. O diabetes tipo 2, desenvolvido ao longo dos anos de consumo excessivo, exigiu mudanças radicais na alimentação e no estilo de vida. Além disso, os danos causados pela hipocalemia e pela rabdomiólise serviram como um alerta sobre os limites do corpo humano.
Mas e os refrigerantes zero açúcar ou sem cafeína? O médico responsável pelo caso ressalta que mesmo essas versões não são totalmente seguras. Bebidas dietéticas contêm adoçantes artificiais, que, em excesso, podem alterar o metabolismo e a microbiota intestinal. Já a ausência de cafeína não elimina outros riscos, como a erosão dental e a possibilidade de substituir o refrigerante por outros hábitos pouco saudáveis.
O caso de BA ilustra como o consumo crônico de refrigerante, mesmo em versões “light”, pode desequilibrar o organismo. A mensagem dos especialistas é clara: o refrigerante deve ser consumido com moderação, preferencialmente em ocasiões esporádicas. Em ambientes onde a bebida é oferecida gratuitamente, como em alguns escritórios, a tentação de exagerar é grande, mas os riscos à saúde são ainda maiores. Para quem busca hidratação, a água ainda é a opção mais eficaz e segura.
Enquanto BA reconstrói sua vida longe dos refrigerantes, sua história permanece como um exemplo extremo — porém real — de como escolhas diárias, aparentemente simples, podem ter impactos profundos na saúde. A próxima vez que você vir uma máquina de refrigerante gratuita, lembre-se de que cada gole carrega consequências que vão muito além do momento.