No início de agosto deste ano, um incidente inusitado chamou a atenção na cidade litorânea de Guarujá, no estado de São Paulo. Um homem de 58 anos protagonizou uma cena que poderia ter saído de um filme de aventura ao chegar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Perequê carregando uma cobra jararaca viva em uma sacola plástica.
O episódio ocorreu no dia 5 de agosto, quando o homem, cujo nome não foi divulgado, foi mordido pela serpente peçonhenta em sua mão direita durante o expediente de trabalho. Demonstrando uma mistura de coragem e imprudência, ele decidiu capturar o animal e levá-lo consigo ao buscar atendimento médico.
A jararaca (Bothrops jararaca) é uma das espécies de serpentes mais comuns no Brasil, especialmente na região Sudeste. Conhecida por sua agressividade quando acuada, essa cobra é responsável pela maioria dos acidentes ofídicos no país. Seu veneno, embora raramente fatal se tratado rapidamente, pode causar dores intensas, inchaço, sangramento e, em casos graves, necrose do tecido ao redor da mordida.
Ao chegar à UPA, o paciente surpreendeu a equipe médica ao apresentar a cobra ainda viva, com a boca aberta, possivelmente em uma tentativa de facilitar a identificação da espécie para a administração do antiveneno correto. Esta ação, embora bem-intencionada, é fortemente desaconselhada pelos especialistas em saúde e em manejo de animais silvestres.
A Prefeitura de Guarujá, em nota, confirmou o incomum acontecimento. Prontamente, o Grupamento de Defesa Ambiental (GDA) da Guarda Civil Municipal (GCM) foi acionado para recolher o animal de forma segura. A rápida resposta das autoridades demonstra a importância de protocolos bem estabelecidos para lidar com situações envolvendo animais silvestres em áreas urbanas.
Após receber os primeiros cuidados na UPA, incluindo a administração do soro antiofídico, o homem foi encaminhado ao Hospital Santo Amaro (HSA) para tratamento mais especializado. A transferência para um hospital de maior complexidade é um procedimento padrão em casos de acidentes com animais peçonhentos, visando um monitoramento mais rigoroso das possíveis complicações.
Especialistas recomendam que, em caso de mordida de cobra, a vítima deve buscar atendimento médico imediatamente, sem tentar capturar ou matar o animal. A identificação da espécie, embora útil, pode geralmente ser feita por meio de descrição ou, idealmente, por uma foto tirada a uma distância segura.
A jararaca capturada teve um final feliz: foi solta no Morro da Barra, próximo à Santa Cruz dos Navegantes, uma área mais adequada ao seu habitat natural.