Chase, um escritor de 30 anos de Barcelona, Espanha, vive uma realidade amorosa que desafia rótulos simples. Ele se identifica como heteroflexível – uma orientação onde a atração primária é por pessoas de outro gênero, mas com espaço para conexões sexuais ocasionais com pessoas do mesmo gênero. Essa nuance em sua sexualidade acabou moldando profundamente como ele vive seus relacionamentos.
Por anos, Chase esteve em um relacionamento monogâmico que ele mesmo descrevia como “saudável e positivo”. No entanto, uma inquietação persistia. Mesmo sentindo-se seguro ao lado da parceira, ele não alcançava a plena satisfação.
Uma sensação constante de estar “perdendo algo” o acompanhava. Sua mente vagava, frequentemente fantasiando sobre relações com “mulheres mais velhas e sexualmente liberadas”. Apesar do conforto da relação existente, o desejo de explorar esses anseios se tornou mais forte.
A decisão foi tomada: Chase terminou o relacionamento de longo prazo. Seu objetivo era claro: viver sua vida e sua sexualidade em seus próprios termos. O caminho escolhido foi o da não-monogamia ética (ENM), um modelo onde todos os envolvidos concordam e têm conhecimento sobre a possibilidade de múltiplas conexões afetivas ou sexuais. “Agora estou vivendo esses sonhos, não com uma, mas com várias mulheres”, ele relatou em uma entrevista.
Três anos se passaram desde essa mudança radical, e Chase acumulou experiências valiosas sobre como o ENM impactou sua vida. Uma transformação física se tornou fundamental: os exercícios ganharam uma nova importância. “Desde que deixei a monogamia, malhar se tornou crucial para minha vida sexual”, ele explica.
“Manter o ritmo com várias mulheres, algumas das quais podem ser sexualmente ativas apenas comigo, exige força e resistência. Todas as minhas parceiras sabem que pratico ENM, então não há problema nisso.” Ele acrescenta que gosta de assumir o controle na intimidade, e a musculatura lhe dá tanto confiança quanto capacidade física para esse papel.
A rotina diária de Chase é marcada por uma comunicação constante. Ele troca mensagens com suas duas namoradas fixas e com “outras mulheres da minha vida sugerindo encontros mais tarde na semana”. O tom dessas conversas varia muito, passando de carinhoso e cotidiano para explícito e cheio de desejo.
Contudo, Chase é rápido em desfazer um equívoco comum sobre a não-monogamia. Ele não busca colecionar parceiras. “Apesar das ideias preconcebidas de algumas pessoas sobre não-monogamia, eu valorizo qualidade em vez de quantidade quando se trata de sexo”, enfatiza.
Sua estratégia inclui planejamento cuidadoso: “Sempre tento manter um dia livre entre encontros com diferentes amantes para garantir que posso dar o meu melhor cada vez.” Essa pausa estratégica serve para recuperação, mas também para outros aspectos da vida: “Em vez disso, encontro amigos à noite, depois do trabalho, e tenho uma noite sólida de descanso.”
Uma das maiores lições que Chase assimilou nesses três anos foi a importância de confiar em seus instintos. Ele desenvolveu uma sensibilidade aguçada ao conhecer potenciais parceiras. “Simplesmente não faz sentido insistir em uma conexão se você não está mais sentindo aquilo”, ele reflete.
Essa intuição se tornou sua bússola no complexo e enriquecedor mapa dos relacionamentos não-monogâmicos. Sua jornada, iniciada pelo reconhecimento de sua heteroflexibilidade e pela coragem de buscar autenticidade, continua a se desdobrar, um encontro e uma descoberta de cada vez.