Homem foi diagnosticado com câncer no cérebro após médicos dizerem que o principal sintoma era ansiedade

por Lucas Rabello
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Aos 25 anos, Benjamin enfrenta um desafio que começou de forma silenciosa e se transformou em uma batalha contra um tumor cerebral maligno. Sua história, marcada por sintomas incomuns e diagnósticos equivocados, revela a importância de persistir na busca por respostas médicas.

Tudo começou em um dia de comemoração. Era julho de 2017, e Benjamin, então com 18 anos, estava no jardim de casa celebrando seu aniversário com o irmão gêmeo. Enquanto aproveitavam o sol, algo estranho aconteceu: luzes piscantes invadiram sua visão. “Foi uma sensação nunca experimentada antes”, relatou em um depoimento gravado para o canal The Patient Story. Na época, ele atribuiu o fenômeno ao excesso de claridade. Mas minutos depois, seu corpo entrou em colapso.

Benjamin começou a apresentar sintomas aos 18 anos (YouTube/ The Patient Story)

Benjamin começou a apresentar sintomas aos 18 anos (YouTube/ The Patient Story)

Benjamin descreve o episódio como uma experiência assustadora. Mesmo usando óculos escuros, sentiu-se dominado por uma onda de pânico. Perdeu a consciência e, ao acordar, encontrou paramédicos ao seu redor. O que ele não sabia é que havia sofrido uma crise convulsiva tônico-clônica — tipo de convulsão que causa perda de consciência e contrações musculares intensas, conforme explica a Mayo Clinic.

No hospital, os médicos locais minimizaram o ocorrido. “Disseram que ‘todo mundo pode ter uma convulsão na vida sem necessidade de investigação’”, relembra. A orientação, no entanto, estava longe de ser correta. Protocolos médicos indicam que qualquer episódio convulsivo deve ser analisado com exames detalhados. Apesar disso, Benjamin recebeu apenas um diagnóstico vago: baixos níveis de fosfato no sangue.

Os anos seguintes pareceram normais. Até que, no final de 2022, algo voltou a perturbar sua rotina. Durante o trabalho, uma sensação de choque elétrico percorreu seu corpo. Dessa vez, os sintomas eram diferentes. “Minha capacidade de falar simplesmente desapareceu. Era como se meu cérebro e minha voz tivessem se desconectado”, conta. Apesar do susto, ele tentou acreditar que não era nada grave.

Os sintomas de Benjamin foram descartados pelos médicos (YouTube/ The Patient Story)

Os sintomas de Benjamin foram descartados pelos médicos (YouTube/ The Patient Story)

A situação piorou em 2023. Durante uma viagem a Nova York, o mal-estar retornou com força. Benjamin procurou um médico, mas ouviu novamente um diagnóstico simplista: ansiedade. Nos meses seguintes, as crises se tornaram semanais. Ele sentia falta de ar, confusão mental e, repetidamente, perdia a fala. Três profissionais diferentes, de clínicas distintas, insistiram na mesma explicação. “Todos diziam que era ansiedade. Nenhum pediu exames mais profundos”, relata.

A virada aconteceu em uma visita ao pronto-socorro. Aos 24 anos, Benjamin insistiu por uma investigação mais cuidadosa. Foi então que um ressonância magnética — exame que produz imagens detalhadas do cérebro — revelou a presença de duas lesões. Inicialmente, os médicos classificaram os tumores como benignos. Mas em fevereiro de 2024, veio a confirmação: tratava-se de um glioma maligno de grau dois, que estava em seu cérebro há quase uma década.

Após uma cirurgia para remoção parcial, o diagnóstico foi ajustado para grau três, indicando que partes do tumor apresentavam mutações agressivas. Benjamin iniciou quimioterapia e agora passa por acompanhamento trimestral. Em 2026, enfrentará uma nova operação para tratar outra mutação identificada.

A história de Benjamin levanta questões sobre como sintomas neurológicos são interpretados. Convulsões, alterações repentinas na fala ou sensações incomuns, como “choques”, podem ser sinais de condições graves. No entanto, jovens saudáveis muitas vezes têm suas queixas atribuídas a causas psicológicas, especialmente quando exames iniciais não apontam anormalidades.

O glioma, tipo de tumor que afeta Benjamin, surge a partir de células gliais — estruturas que sustentam os neurônios. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, esses tumores são classificados em graus de um a quatro, conforme sua agressividade. Lesões de grau três, como parte da de Benjamin, tendem a crescer mais rapidamente e exigem tratamento intensivo.

Hoje, o jovem enfatiza a necessidade de autodefesa na saúde. “Se algo não parece certo, não hesite em buscar outras opiniões. É seu corpo, sua vida”, afirma. Ele também reflete sobre a mudança de perspectiva trazida pela doença. “Aos 25 anos, você pode subestimar a vida. Essa experiência me mostrou o valor de cada dia.”

Enquanto aguarda a próxima cirurgia, Benjamin mantém uma rotina de cuidados e ressalta a importância de exames de imagem em casos de sintomas persistentes. Sua trajetória ilustra como a persistência — mesmo diante de respostas superficiais — pode ser decisiva para salvar vidas.

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.